tag:blogger.com,1999:blog-22724969763645155902024-02-07T03:30:44.821+00:00EISH<center>é mesmo isso</center>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.comBlogger211125tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-76861719079203779602013-05-24T15:06:00.002+01:002013-05-24T15:06:37.426+01:00de vómito<div style="text-align: justify;">
imagina uma música na cabeça e um ritmo nos dedos dos pés. sempre dizem que a vida com banda sonora fica mais bonita, romanesca, digna de se lhe acrescentar um ponto</div>
<div style="text-align: justify;">
um conto</div>
<div style="text-align: justify;">
3 mil réis</div>
<div style="text-align: justify;">
se não chega senta-te e escreve, arranja alguém nesse papel - as pessoas não são como as folhas, rasgam-se e colam-se umas às outras de mórbido modo tal que chega a ser aprazível. então sorri-se e diz-se <i>as voltas que a vida dá.</i></div>
Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-66804942741466432092013-05-14T20:01:00.001+01:002013-05-14T20:01:28.482+01:00margens de livros"ler os textos é ampliar-lhes o sentido"; escrever sobre eles é reduzi-los a pó,<br />
<br />
<br />Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-41279994156122386122013-04-18T22:48:00.001+01:002013-04-18T22:48:56.976+01:00vida às semanasque eu vá e não volte, se eu nunca fui de ficar? que mudes ou não, que te feches em casa e passes a comer batatas fritas, que sejas feliz. e que tenhas os teus contigo. não tenho meus, não tenho seus, não sei o que é a posse, porque nunca fui de possuir, passo pela vida como se num oceanário, os peixes são demasiado valiosos para mim, que odeio o dinheiro.<br />
neste universo tão grande moramos todos no mesmo prédio e, no entanto, eu nunca fui de continente algum, ou de ilha, sou parte do povo que precisa de um estado, de um estado que precisa de uma bolsa e de uma bolsa que nada guarda lá dentro, tal qual o nome que se dá à religião (ou será religiões e os deuses almoçam todos juntos às segundas, quando as preces são menores). que sejamos todos vizinhos e que não haja ovos para dispensar a ninguém - e este período com a necessidade de um travessão dado que sempre um se não, um exceptuando, um mas anti-capitalista - pois se todos os optimistas morreram quando passaram o nono ano.<br />
tanto faz, de tanto fazer, dissolvido agora em tão pouco no imenso pó da terra.Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-49237748400100273842013-03-21T01:57:00.001+00:002013-03-21T01:57:08.357+00:00desbloqueio<div style="text-align: justify;">
e se num dia eu quis mudar o Mundo, levantar-me e falar mesmo em voz alta e palpável, ser aplaudida e não querer saber porque só o Mundo naquelas barrigas inchadas haveria de fazer a diferença; se um dia um quis mudar o Mundo apenas por um segundo tal chegou mesmo a acontecer. ainda que só por um segundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
há quem diga que para tal temos de nos mudar a nós primeiro. mas eu não quero crescer, eu não quero sair desse pôr-do-sol que nos segura à praia, não quero saltar do barco, legalizar-me, subir às montanhas - só assim consigo já ouvir os meus gémeos martirizados e doridos de riso no dia seguinte. não quero crescer.</div>
<div style="text-align: justify;">
por isso, e por enquanto, eu vou só entreter-me, em cigarros de vómito, músicas que fazem rugas, receitas de criança. vou só entreter-me até uma qualquer hora chegue e eu não me lembre de vestir o pijama e me enroscar nos lençóis que amanhã me mudarão para sempre. por agora vou só não ir para a cama - deve ser por isso que se escrevem livros.</div>
<div style="text-align: justify;">
amanhã, ou quando for, há-de ser o dia em que me levanto, a mim e à voz, e mudo o Mundo todo de uma vez e a partir daí, por aí, vou ler todos os livros antes de dormir sem esperar por acordar, falar com todas as pessoas e comer tudo o que me puserem à frente. porque, afinal, tenho o Mundo todo na barriga e tenho de fazer alguma coisa com ele. </div>
Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-67428958675949569172012-08-27T00:13:00.001+01:002012-08-27T00:24:53.699+01:00olá olá<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9ZTtXs5frYBna3KxajDfokCDYv3_Fxm9eexxK251-I_DgYxBF3p7Sv0P-gRGim4JrZDuTnRi5dgw2sT0STl-vhsaftCiTBL2_oV9VtWrOaFOVuJYxRD5brN0-pXk3b9b23lVB0PAYUPI/s1600/papagaio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9ZTtXs5frYBna3KxajDfokCDYv3_Fxm9eexxK251-I_DgYxBF3p7Sv0P-gRGim4JrZDuTnRi5dgw2sT0STl-vhsaftCiTBL2_oV9VtWrOaFOVuJYxRD5brN0-pXk3b9b23lVB0PAYUPI/s400/papagaio.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
porque quem é vivo... sempre aparece!</div>
Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-57911562476149110892012-06-04T00:09:00.000+01:002012-06-04T00:09:19.524+01:00fale mais um bocadinho desculpe<div style="text-align: justify;">
<i>mas é uma coisa que revolta, eu tenho 77 e vivo em Setúbal, a minha mulher não me deixa assim enervar-me, mas é uma coisa que me revolta. a mudança faz-se por dentro, sabia menina? tem ar de quem sabe, passou por mim há bocadinho e aqueles bandalhos de gente aos gritos não eram nada consigo, mas o ar de Lisboa </i></div>
<div style="text-align: justify;">
o ar de Lisboa e sim, qualquer coisa sempre a mudar, por dentro e por fora, as pessoas a fervilhar (sai pelos olhos e os pés, que andam mais rápido) e os meus próprios pés, que andam como a mudança já <u>lá</u> (lá?) estivesse efectivamente dentro. o ar de Lisboa, que nos chama preguiçosos através desse sol que pede por favor uma ligeireza no passeio, uma demora no rio, um docinho mais e nos implora, nos grita que a mudança é por dentro, olha a o pessoa, olha as outras estátuas com vida, metidas por dentro de nós:</div>
<div style="text-align: justify;">
e nós, hoje, estátuas, sem nada para pôr <u>lá</u> (lá?) dentro, no sofá, na piscina, num mar calado, como nós, agitado, tomara nós, em todo o lado. somos trabalhadores para o bronze vitalícios, necessitados desse que é o repouso crónico, porque não te faz nada a ti, que és o amor da minha vida, nem a mim, nem aos meus pais, nem aos meus amigos que valem por tudo, então para quê? </div>
<div style="text-align: justify;">
para quês que as pessoas vomitam numa rotina diária exagerada, trabalhar para quê, fazer queixa, para quê, refilar para quê, fazer amor contigo para quê </div>
<div style="text-align: justify;">
e numa interdependência por ter desistido de escrever e de agora começar a tentar falar, inalcançável desejo impertinente, eu peço por favor que para de perguntar para quê é que eu exagero em tudo e nunca paro de falar e de refilar e de me chatear e comecem por favor por mim a mudança por dentro, eu não posso porque tenho essa necessidade de repouso crónico e tenho de desistir outra vez dessas palavras rudes e insistentes que tomam o lugar dos meus incisivos e me fazem perder a paciência mas nunca perguntar para quê? isto porque um dia, por dentro, eu vou chegar lá e vou mudar e isto tudo e enfim todos os velhos de 77 anos vão poder enervar-se à vontade e ir para o moche na Rua Augusta.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-85788383670893270802012-06-03T23:55:00.002+01:002012-06-03T23:56:01.998+01:00<div style="text-align: justify;">
e - sempre com a merda das continuações, já que tudo vai no seguimento do e depois continuaremos, por assim dizer, agarrados a um passado do qual - a única coisa que eu quero são esses lençóis azuis turquesa, como a gravata, e eu neles, sozinha porque me estás a fazer o pequeno almoço, por me amares tanto que trabalhas assim todas as horas e os segundos para me estragares com mimos</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
- não quero, não quero passado algum, que lixem com f os presentes também, podia hibernar ou suicidar-me apenas APENAS de hoje a 3 meses temporariamente e acordar daqui a 6 meses, meio ano para aligeirar a coisa, e aí sim um futuro primogénito e tudo menos essas fugacidades tendenciosas como na situação mundial actual - </div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
nua eu e os lençóis, tu por aí a mudares o mundo por mim, ou sentado no sofá para me deixares fazê-lo, sempre tão cavalheiro. um dia então tu chegas embrulhas-te também nos lençóis turquesa daqueles fininhos fininhos, inventamos palavras novas como sempre e eu nua e leve e com um coração nu e leve do tamanho daquela vista do castelo que uma vez fomos e tu tão-só beijinhos e os teus olhos transparentes até ao intestino</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
- e hoje este futuro que eu conquistei, sou uma super-nova sabias? completamente espectacular que constrói o seu próprio e futuro e quem a ama e quem a tem - </div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
ainda que</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
- ainda que!</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
sozinha e nua nuns lençóis cuja cor</div>
</div>
<div>
<br /></div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-80217696274562554052012-02-09T22:38:00.001+00:002012-02-09T22:38:07.275+00:00o armónio<div class="MsoNormal">Teclado como se um piano de graves e cenas que não sei tocar, respiras porque finalmente eu e as tecnologias. Desconfias – nunca tive nada contra elas – cantas-me e respiras-me e eu cheia de rédeas acima das pernas. Devia estar doente, sabes que sei disso e no entanto o meu estômago vestindo sari e a gola turva-me a vista, os olhos não por favor que os olhos –</div><div class="MsoNormal">Teclado cheio de pausas e coisas que fugazmente apresso na manha ondulada duma colcheia escrita a verso puxado para baixo pelos brincos que são gordos e me magoam os lóbulos, a doce sensação dos pediatras que me observam o tímpano, tudo sons nestas teclas de portátil que uso como nunca, para escrever numa folha paragrafada, impessoal, certa e suja, porca, uma folha porca que infelizmente não cheira a batatas:</div><div class="MsoNormal">A mulher faz dieta à minha frente. É como arrotar em público – um ultraje de tofu e pingas de leite; estar a apodrecer por dentro das almas e coisas assim não é tarefa fácil: pior que quando o meu estômago faz nudismo no meio do intervalo e o meu telefone toca, acende-se, aquela porra daquela luz mais que irritante e instável (ora azul ora rosa ora o diabo que o valha a ele que de mim não gosta, sou toda anjinhos e flores desinfectadas de abelhas, naturais é claro, mas sem aquela coisa toda que me enoja no meio natural, as partes selvagens, parece eu quando me julgava boa pessoa, aiquelindoomeucabeloassimprónatura) e eu, pobre coitada vítima duma guerra que comprei por capricho, eu toda tô-lá sim sim sou eu, mas que coisa, eu quero é palitos de mozzarella feitos por mim, cheios de queijo que me cai lábios abaixo, lasanha e lasanha e barcos.</div><div class="MsoNormal">Estou adormecida no barquinho em que me passeias, amo-te e tapa-me agora que tenho frio e quero ouvir o som dos teus pés nas tábuas de madeira que me passam nas costas, incrível a música como se barco e eu um piano onde tocas cheio de rédeas colcheias instáveis que descobres sem dar por ela, essa cena da alma que não percebes nada e o quentinho que está com este chocolate derretido todo - </div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-82839739054121450442011-12-18T22:35:00.001+00:002011-12-18T22:36:12.407+00:00das mortes lentas<div style="text-align: justify;">cantas algumas músicas enquanto tomas banho e eu ouço-te ao fundo - estou a fazer qualquer coisa que o nosso amor não conhece, porque o nosso amor não faz perguntas. é um bebé que se diz aprimorado por não refilar nem quando se lhe muda a fralda - irá ele mudar o mundo, digo, o seu centímetro quadrado sequer de passagem? sabe bem escorregar na cadeira, pôr os fones e nem sequer uma pontinha de sentimento de culpa por não me recostar ao som da tua voz abafada e humedecida (o quê, cantava então no banho?). ao jantar relatar-te-ei de que vi a minha colega de carteira (onde nós pintávamos flores na aula de estudo do meio) no supermercado: tem um ar esquisito, lá todo cheio de cores, onde é que já se viu com quarenta anos alguém a saltitar feliz no corredor das alfaces. </div><div><div style="text-align: justify;">enquanto a cadeira escorregadia e os fones que penetram como espargos nos meus ouvidos um formigueiro tão familiar na ponta dos dedos - palavras. mas eu vou à varanda sacudir tapetes que as limpezas alguém tem de as fazer. assim, morri. (a música acabou mas logo outra na lista de reprodução e eu sem pena e já sem me lembrar - o quê, a minha música favorita passava então?)</div></div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-5829708505886405702011-11-18T21:08:00.001+00:002011-11-18T21:08:09.619+00:00rasgos de arte no meu prato da comida<br />
que numa eutanásia se engole e esvaiMargaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-47020991446813667182011-11-10T23:42:00.002+00:002011-11-10T23:42:08.925+00:00no meio de tantos papéis eu que não encontro os lápis para me escrever de novo.Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-60516852381392405852011-11-01T15:01:00.000+00:002011-11-01T15:01:08.528+00:00macacos amam cambalhotas, puro instinto de sobrevivência<div style="text-align: justify;">depois de três textos corridos e apagados sobre as mais banais e escritas da vida, vulgo tudo o que é decente e não decente, feito e sonhado, pensado e passado - retomando, depois disso tudo para fugir de ti, hoje eu vou só escrever porque é o meu escape livre, sem descontos nem nada disso. hoje eu vou só escrever. e vou escrever, sim, sobre como gosto de ser a tua princesa e que me queiras proteger à noite; que me ofereças o casaco só para eu dizer que não. toda a gente, a certa altura, tenta fugir do amor, e quase sempre, durante as horas em que sozinhas nada têm para fazer, tentam fugir de pensar nele. só como toda a gente, mas guardo-me em ti - não preciso de fugir de pensar em nada, porque me proteges como da noite se tratasse. hoje eu vou só escrever, e não me importar se tu e vocês me compreendem, porque eu só quero fugir de pensar seja no que for. queria fugir do amor e fugir das palavras; não consegui e foi em ti que encontrei solução. mas o meu coração não se foi ainda embora, por isso corre que nem doido em nossa volta, pronto a atacar. quer fugir de ti porque o fazes dar cambalhotas, e a razão ilusória em que toda a gente como eu, vulgo, toda a gente a certa altura, lhe diz irritante e incessantemente que apenas procura estabilidade. mas é por esta que se apagam textos corridos e qualquer amor de colo e fotografia. assim, sei que o meu coração vai voltar, adorar as cambalhotas e fugir de tudo, em ti, e por isso hoje vou só escrever, porque em ti tudo é solução.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-73251722736272468102011-10-22T21:24:00.000+01:002011-10-22T21:24:05.145+01:00a minha cidade (versão cinzenta)<div style="text-align: justify;">na minha cidade não há nada para ver: a minha freguesia é um conjunto de dormitórios inacabados, faltosos no que diz respeito às secretárias para estudar e às fotografias dos momentos importantes. não é que tenha tempo algum para a admirar - tenho ginástica à segunda, saída com amigas à terça, noite no facebook à quarta e janto com o meu namorado à quinta, sendo que nos dias que se seguem estudo e faço alguns tpc's -, nem tão pouco necessidade. tenho tudo o que quero, o meu quarto bem decorado e o meu guarda-roupa é o mais apetecível de sempre! quando era pequenina, atrapalhavam-me os passos rápidos das pessoas, a indiferença com que apanhavam o mesmo autocarro que eu quando ia ao parque dos pombos com a avó. ela andava sempre muito devagarinho, mas eu tinha paciência porque gostava muito dela. já morreu. hoje, compreendo que frete fazia quando me levava à pasmaceira das sombras das árvores, sempre as mesmas, sempre comigo, que só queria correr e dizer disparates. hoje teria, decerto, poupado a minha querida velha senhora a tal aborrecimento.</div><div><br />
</div><div><br />
</div><div><br />
</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-9970534051426773042011-10-09T13:05:00.001+01:002011-10-09T13:19:53.966+01:00Deus não é só pessoas<div style="text-align: justify;">e dum nada que inspiras</div><div style="text-align: justify;">as imagens turvam,</div><div style="text-align: justify;">excitam-te, as palavras dum nada</div><div style="text-align: justify;">a base do teu pescoço, um prédio na cidade,</div><div style="text-align: justify;">passam nas tuas veias e outros canais quaisquer</div><div style="text-align: justify;">aço puro que te corta por dentro</div><div style="text-align: justify;">correm outras atrás a dar beijinhos</div><div style="text-align: justify;">e a electricidade que te transpira dos dedos escorre no papel</div><div style="text-align: justify;">um presente de fel.</div><div style="text-align: justify;">sinceramente era só para rimar, agora que só a desilusão duma calma obrigatória duma vitória ilusória marcada pelo sorriso das pessoas às coisas que bonitas que tu, e tu e tu e tu, lhes mostras realizada e satisfeita, o mundo um mar com barquinhos e gente feliz mesmo que choraminguices de quando em vez. não, querida, é só mais uma das terríveis mil alturas em que vais ter de te atirar para um dos lagos, refrescantes e cheios de gente feliz mesmo que gritos lacerantes de vez em quando, e previsivelmente cair no chão, agora que até as palavras te cortam e te fazem sangrar estrelinhas desperdiçadas, agora que só palavras em aço inoxidável agarra-te bem a elas que a cor é bonita, podes saltar, ficas sozinha mas agarrada a elas e não tens de temer.</div><div><br />
</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-30336120938003718902011-09-25T23:31:00.000+01:002011-09-25T23:31:33.729+01:00amor é#14<div style="text-align: justify;">as maiores lutas não são com o chinfrim do sangue a espirrar uma alma qualquer. não são lutas onde se tiram olhos aos inimigos para depois se comerem fritos ao jantar, entre risos e champanhe. não vai ser, decerto, a luta onde correrás por montes, vales e guetos atrás de quem amas. e também não deves ir praticar tiro ao alvo ou a velejar naus raquíticas. </div><div style="text-align: justify;">ninguém te vai aplaudir, muito menos te oferecerão garrafas de vinho e girassóis bem arranjados. vais perder aos olhos dos outros, tenho quase a certeza. ah, também não deve ser a famosa e utópica luta interior. aí, vais ter-te a ti sempre a teu lado. e não vais travá-la sozinha, não te penses brava heroína solitária para já que te desiludes! tens amigos, eu sei que tens - descansa, hás-de ter quem te ampare as lágrimas, caíram direitinhas em esforço de novela.</div><div style="text-align: justify;">com um golpe fundo de sorte, pode ser que te calhe na rifa (na rifa, na rima) ficar com quem sempre amaste. se não, aprenderás a amar-te a ti, na tua segunda maior luta, todo o santo diferente dia a partir do zero. (por vezes dois dias em 24horas) e é assim o amor.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-12018095051820710622011-09-24T14:06:00.005+01:002011-09-24T14:40:56.444+01:00amor é #13<div style="text-align: justify;">e eu só quero a fama para que, daqui a 15 anos, quando infeliz e provavelmente já não soubermos um do outro, eu ir dar uma entrevista qualquer, falar de quando nos perdemos, quando saltámos vedações, quando fizemos juntos os melhores amigos do mundo, quando eventualmente cortámos as unhas dos pés um ao outro, e nos rimos muito, sozinhos, no meio daquela gente toda, e demos beijinhos e os velhos conformados e reformados e resingões (farta de adjectivos monótonos) em vez de mandarem vir connosco nos perguntaram o nome, se fazíamos yoga e tudo e tudo. quando eu fui feliz, dizia eu em frente às máquinas, com um sorriso breve de quem joga às cartas no parque central.</div><div style="text-align: justify;">e no dia seguinte estarás tu em frente à minha porta verdeaguadocomamareloeazul, sentado a ler o jornal que nunca compras dado que é um desperdício se os há na internet aos molhos, nada romântico como eu sempre te conheci e amei e me queixei muitas vezes claro, e eu desci atarantada com os olhos inchados voltaste! caíram os dossiers todos mas tu voltaste, sempre soubeste que os meus dossiers iam ter fotografias do passado fenomenal que me proporcionaste como se tu viesses dum convite para festa e eu agradecida pelas horas formais que esses convites humanos nos proporcionam, que interessa isso, voltaste! ias-te casar comigo agora, ter um cão feio que se baba como tu na almofada, fazer teatros na sala, e eu finalmente deixaria de ser famosa, de ter máquinas robóticas avançadas de mais à minha frente, atrás de mim, agora não, a meu lado só tu, voltaste, vamos ser Reis do mundo e dar beijinhos aos velhos, e vamos ser velhos, ieiuiieiii!</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-54817449499629096572011-09-22T19:40:00.001+01:002011-09-22T19:40:05.000+01:00eu acho que é só p'ra dizerque só percebe de relações quem nunca as teve.Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-22328081275258497562011-09-14T19:36:00.000+01:002011-09-14T19:36:13.051+01:00amor é #12não precisares sequer de ti para seres tu mesma.Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-57712961874985924072011-09-14T01:26:00.000+01:002011-09-14T01:26:01.681+01:00das limpezas<div style="text-align: justify;">e a dançar caí sangrei. acordei estremunhada, só e abandonada, como naquelas rimas que fazia quando as minhas palavras ainda timidamente poderosas, só assim sem todo o desdém que se ganha depois de muito pisar o mesmo chão. de tanto assim dançar ritmei o mesmo azulejo vezes e vezes sem conta - caí sangrei.</div><div style="text-align: justify;">espero ser o hoje este dia em que acordei estremunhada e o meu o sangue que lavou para sempre as memórias do papel onde escrevi desde as rimas, digo, do chão onde dancei desde que o sapateado nas unhas dos meus pés. espero, não de pasmar a olhar para ti nas horas mortas, sem saber o porquê de nunca te ir esquecer na porra da minha vida que tem coisas de mais, um mundo inteiro veja lá, um mundo inteiro só para te perder e te esquecer quase. um mundo ideal, para mim e para aladino, era ter-te a ti e a um papel novo na cabeça todos os dias, percebes? sabes? eu caí e deitei sangue. porquê o sangue sinceramente? porquê sapateado, o velho, o desgastado, porquê a perseguição das rimas do quarto ano quando eu só te quero a ti e a um papel novo e limpo para sempre? porquê tanta coisa e eu sem espaço para dançar, as pessoas a espezinharem-me aquando o incêndio das suas almas? dançar em lume brando contigo, sempre foi escrever. assim, dancei contigo num papel novo para sempre.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-31453798981277024962011-08-11T20:08:00.001+01:002011-08-11T20:08:32.964+01:00na França então frio<div style="text-align: justify;">- Por favor, apertem os cintos de segurança e desliguem todos os aparelhos electrónicos. A viagem terá a duração de 2h45.</div><div style="text-align: justify;">(porque é que será que duas horas e quarenta e cinco duram mais que uma vida? ela tem de dezasseis anos - estas duas a papaguear ao meu lado, num dizquedisse intermitente e aioqueeutefazia ao hospedeiro, bem que podem ser as suas melhores amigas. e agora, os seus dezasseis anos duraram tanto como a minha vida numa França de emigrantes simpáticos, bonacheirões e mal pagos - duas horas e quarenta e cinco, mais coisa menos coisa.</div><div style="text-align: justify;">nesses dezasseis anos perguntaram-lhe pelo pai, decerto quase tanto quanto eu perguntei pela minha filha. o namorado - Deus, já tem idade para namorar! - abraçou-a quando as lágrimas, daquela saudade embrenhada nas marés de lua de um país que já nem sei se meu, romperam ao lembrar um pai desterrado do qual não conhece nem mimo nem coração. e em vez de a querer só minha, cruzei os dedos e rezei, cheio de dor nos olhos - e nos ouvidos apertados do avião - para que um moço de tento na língua e técnica no ferro de engomar - tenho a certeza que ela não sabe passar a ferro, igualzinha a mim que não sabe passar a ferro - a proteja dos monstros da vida, dos bichos na parede, dos homens maus.</div><div style="text-align: justify;">quero, ainda e apesar (a pesar também), dar-lhe tudo. a mousse e os biscoitos do avião que dou a estas rapariguinhas ternas e atrevidas, que tanto dão também de si nas músicas que cantam baixinho e quando me perguntam, rosadas de vergonha, se quero jogar às cartas. dar-lhe-ia tudo, a sério que sim, há dezasseis anos para cá se as suas fraldas não me custassem a ida para França. como é que em dez segundos, depois de receber a bagagem, lhe dou esse tudo de dezasseis anos? as papas à boca, os castigos, os beijinhos no dia de anos, as anedotas às suas melhores amigas - pensando bem devia ter jogado às cartas -, o momento aterrador em que me apresenta ao rapaz que lhe dá a mão?)</div><div style="text-align: justify;">- A Lufthansa deseja-lhe uma boa estadia em Lisboa.</div><div style="text-align: justify;">(...)</div><div style="text-align: justify;">- Pai.</div><div style="text-align: justify;">- Mariana.</div><div style="text-align: justify;">(como é possível um tudo de dezasseis anos bem à minha espera nestes não dez, dois segundos?)</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-50878554074762158852011-08-02T21:23:00.000+01:002011-08-02T21:23:33.822+01:00<div style="text-align: justify;">como se uma almôndega gigante num frigorífico, no maior dos maiores mais incríveis niveís de refrigeração, bem no meio da minha garganta que não anda nem desanda, e depois parece que não sai dali nunca porque as coisas algum dia haviam de mudar e na Alemanha afinal há frio.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-53767356112117210722011-07-25T22:43:00.001+01:002011-07-25T23:39:15.934+01:00wc pato<div style="text-align: justify;"><em>sempre sonhei vir aqui de mochila às costas e amor pela mão. é de repente primorosa a maneira como pegas nela agora que nós aqui, no sítio onde sempre sonhei vir, mesmo que com as tuas cócegas chatinhas e eu a querer ver a paisagem, tu a tirares as tão tuas fotografias aos passarocos bonitos e eu a querer dar beijinhos. quando era mais nova e andavamos há uns quantos meses (nós que pensávamos ser tanto tempo!), perguntáva-me umas três vezes por dia se era assim, tão engraçadotes, que nos iamos continuar a amar. e neste instante é de repente que te vejo a pegar assim na minha mão e apetece-me tanto dar-te uma gargalhada e um beijinho... </em></div><div style="text-align: justify;"><em>hoje à noite como já somos grandes, as paisagens e os pássaros vão ficar na janela e eu, que paraíso!, vou ficar nos teus braços cheia de cócegas e beijinhos. vamos amar-nos como nos filmes de adultos que somos e rir-nos de nós como as criançolas que nunca deixámos de ser.vou poder, assim, dizer que sempre sonhei vir aqui com o teu amor na minha mão. </em></div><div style="text-align: justify;"><em>enquanto a noite não vem, anda mais depressa, o Gerês é muito grande e a mochila cansa-me nas costas! vamos dar beijinhos aos pássaros nas cascatas e vamos os dois tirar fotografias pelo meio das pedras. hão-de orgulhar-se de nós!</em></div><div style="text-align: justify;">e agora tenho de sair da casa-de-banho e olhar para as nuvens todas ao meu lado nesta máquina que me leva não sei para onde pelo meio de dores de dentes e ouvidos. quem é que inventou o turismo além-fronteiras? e porque raio há janelas nos aviões se é tudo tão inalcançável à distância duma queda que passamos a viagem a imaginar? e ainda por cima não vens comigo, sentado no banco da janela que eu não gosto?! vou voltar para a casa-de-banho. irra, viva a realidade aumentada das sanitas.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-8420560879982529412011-07-13T14:31:00.000+01:002011-07-13T14:31:16.193+01:00o amor não faz qualquer tipo de sentido e qualquer tipo de sentido não faz um amor deste texto<div style="text-align: justify;">espremeste-me o cérebro. e com isto tudo bem espremidinho, sobraram os lóbulos das orelhas apenas e, kinder surpresa!, não importa. gostas dos meus lóbulos das orelhas e o meu cérebro é dispensável nestes dias. verdade? agora as lágrimas vão passar a correr pelos lóbulos das minhas orelhas que já de si eram espalmadas na pequena zona da cartilagem onde é possível apanhar um escaldão, se for contigo à praia que é o costume quando nenhum dos nossos neurónios trabalha. agora sendo assim, vamos à praia todos os dias, com os nossos cérebros espremidos até ao fim e as lágrimas empurradas para dentro dos nossos lóbulos tão cheios de orgulho. comi-te os olhos no outro dia, e tenho a dizer que não soube nada bem. vês sempre mais à frente desviado à esquerda que eu.</div><div style="text-align: justify;">sim, meu amor, teve de ser. <em>de qualquer maneira</em> - pensei -<em> os meus pés vão sempre ficar intactos dada a tua especialidade em mos massajares</em>: enquanto pés para andar palavras para escrever, o que necessita de um cérebro para pensar. e enquanto o meu cérebro ajudar o meu coraçãozinho a bater do outro lado de mim, o teu, eu vou gostar de ti, num banho qualquer de sangue e chocolate destrutivo e extremamente prazeiroso. mas por favor pára de maldizer os meus lóbulos das orelhas.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-28827444580859870772011-06-15T18:10:00.001+01:002011-06-15T18:18:39.134+01:00das saudades a dobrar<div style="text-align: justify;">hoje ao lanche esperimentei três qualidades de bolachas e nenhuma me soube bem. e as tuas fotografias agora têm um certo magnetismo especial e incontornável. que não me dá para mais nada. pendurei uma na parede e ficou bonita. mas aquela parede... falta qualquer coisa. falta qualquer coisa à escola, às nove da manhã, às sextas um pouquinho antes das cinco. falta-me sentir que estás só um andar debaixo de mim, nem que seja a vender rifas, para ficar feliz. falta-me andar a pé contigo depois do almoço. faltas-me e eu não gosto disso. <br />
por isso é que já falta pouco para mudar tudo mas continuar a ser, contigo, a ser nos teus braços, a deixar de escrever coisas melosas e sem nexo como esta.<br />
porque meu amor, saudade não é para se sentir. as saudades são como as minhas enxaquecas: é atacar logo mal sombra de dúvida no olhar (às vezes no ouvido).</div><div style="text-align: justify;">olá palavras. eu não vos disse que nas saudades era entrar a matar?</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2272496976364515590.post-52898185509859661062011-05-29T12:23:00.000+01:002011-05-29T12:23:33.609+01:00'não tenho culpa, não tenho não tenho não tenho<div style="text-align: justify;">se dizem que o amor muda o mundo, a gente entende que é o nosso e senta-se feliz da vida, a exigir ursos de chocolate. se dizem que o amor faz as gentes felizes, pensamos nós que são as duas pessoas intervenientes num amor que corta a respiração do coração num só golpe potente e audaz. se dizem que o amor não nunca se desperdiça, então dois amantes não se poderão separar.</div><div style="text-align: justify;">os dias passam, as folhas caem das árvores, o aquecimento global continua, as pessoas cantam em coro "<em>neste mundo que não sabe amar</em>", e os apaixonados deste vida não entendem, não atingem que quando há amor o centro do mundo passa a ser não dois umbigos juntos para todo o sempre, mas todos os umbigos da população mundial (contando com todos aqueles que contêm em si mil e quinhentos umbigos, compram os vestidos favoritos de toda a gente, mandam lixo ao chão e reivindicam um planeta melhor só por si). e se dizem que o amor se partilha, não é tão-só numa cama apesar disso ser bom como tudo, mas é para o dar ao homem do supermercado, ao atrasado mental das finanças, à sem-abrigo-emocional que pára todos os dias no café! que o amor dá vontade de gritar ao mundo <strong>'eu sou feliz!!!!!!!!!!!!</strong>', todos os que se apaixonam sabem de cor e salteado; acrescentar a essa repetidíssima expressão um<strong> 'tu também podes ser!!!!!!!!' </strong>não tem mal nenhum acho eu. </div><div style="text-align: justify;">e portanto o que eu queria mesmo dizer, e aproveitando que <em>amor</em> e <em>missão</em> não dão para sair das minhas mãos por estes dias, é que cabe aos que acham que ainda dá para amar um bocadinho, neste sítio de rios poluídos e cabeças espezinhadas, mudar o mundo.</div>Margaridahttp://www.blogger.com/profile/10518289745039668633noreply@blogger.com0