2009-06-11

fui

hoje, as palavras correm duma maneira inigualável. e eu não sei, se sou eu se és tu, ou vocês aí, que mas fazem fluir desta forma que não antes vi. sei que correm. mas não saem.
correm as palavras, as lágrimas e as recordações de tempos que já não são os meus. já o foram. "no meu tempo". no meu tempo era tudo muito bonito. tinha amigos. amigos, as tardes que passámos juntos. as memórias permanecem, há pontes de ligação. os mesmos quatro velhos nos mesmo dois bancos à beira da estrada onde passámos e passamos, a pé, no carro. o carro não era sempre o mesmo, variava consoante o número de viajantes ou a vontade que tinhamos de ir juntos no caminho, mais uns quantos minutos na alegria sensaborona que partilhámos vezes sem conta. às vezes eramos muitos dentro do carro. eu costumava ir ao colo nessas vezes, por ser a mais pequenina. ainda sou, pelo menos isso ficou. mas vocês cresceram. meu Deus, como cresceram. tenho orgulho em vocês, meus pequeninos, que já são homens capazes de provar da sensibilidade das mulheres, quase que vossas. provam da minha, provam-na como ninguém. é escusado, eu sei que sim. habituaram-se a prová-la e sentem-lhe o cheiro à distância, mesmo que escondido por entre rasgos de loucura falsificada. e tinha também algumas das agora mulheres, quase que vossas, quando bastavam beijinhos e mãos dadas para me iluminarem a alma, como que por magia, daquela onde os truques não são nunca revelados. tinha conversas das complicadas, onde havia tempo, paz e compreensão suficientes para me poder perder e me ver como me viam a mim, por entre essas conversas paralelas a nós.
e hoje, os tempos mudaram. os tempos, as vontades. a esperança. a esperança que só morre quando morremos também. mas que se morrer parte de nós, uma parte só nossa, e não, não falo de pessoas que são parte de nós. falo de partes de nós. partes. se morrem, a esperança que nela se escondia morre também. eu nunca havia visto essa esperança. mas quando ela morreu, morri eu também.

4 comentários:

Jo Vieira da Silva disse...

e , tens mesmo ue comer alguem, estou Contigo (...)
ES A MELHOR !

Alexandra disse...

Tenho um desafio para ti no meu blog :')

Susana disse...

tu sim, escreves cada vez melhor :)
está lindo, mas não deixes isso morrer, há sempre alguma coisa que faz com que valha a pena :) apesar de a saudade permanecer, ainda. gostei imenso, beijinho (:

Ana Paixão disse...

Texto lindo e doce, para não variar. Senti. Também em mim houve uma parte que morreu. Amigos que foram e que, ainda hoje, passam nos mesmos sítios que eu, onde outrora já estivemos juntos e unidos.
Não sentes saudades?! Eu sinto, muitas. Saudades das amizades que pensava ter conquistado para o resto da vida. Triste sonhadora que eu saí!

Tenho saudades do "meu tempo" ...