2009-12-31

tenho dito #4

NÃO SEI O QUE QUERO PARA 2010.
(podem ter peninha por ser uma inresolvida e darem-me tudo do melhor que têm para dar? ;)

2009-12-29

mim para mim

tenho raiva de ti por nunca me deixares contar o que passamos juntas. mais, tenho raiva de ti por só tu, flor feia, saberes tentar enfeitiçar com palavras. mas não penses que te vais esconder sempre atrás de mim. aprende a ver a vida de frente, menina, e não só o céu. aprende de uma vez que o mundo onde vives já não gosta de flores de campo, não que queira que deixes de o ser. gostava era que não te escondesses atrás de mim, cosmopolita assumida, que se tem de deixar levar pelos teus devaneios suaves e frescos.
tenho raiva de ti por nunca me deixares contar o que passamos juntas. flor feia, a vergonha é moda antiga, e apesar de durona, sei partilhar. ela herdou de ti o cabelo selvagem que não sabe se liso ou ondulado; mas por mim, consegue erguer o seu pulso firme. não sou assim tão má como me pintas - e como gostas de pintar, Céus - e, quer queiras quer não, somos uma só, de cabelo selvagem e pulso firme. não uma só como amantes cegos e lamechas, mas uma só. literal e figuradamente. e por isso te digo: não é assim tão mau seres-me, flor feia.

2009-12-26

o muro caiu

cheira a castanhas e a alguma coisa que já se perdeu. o meu nariz está congelado mais os olhos de muitos que dizem sentir o espirito duma alegria que já passou, ouvi dizer. mas ainda se cheira, ainda se vê, ainda se tem frio e há quem ainda repare na lua meia cheia por cima do éden. o velho alucinado, chamam, não deve reparar. mas tem razão, esse velho alucinado por vivências de mundos como nós não conhecemos, quando diz que a criança que viu aos pulos de alegria por ir ao grande hamburguer de plástico não é mais que uma pobre infeliz sedenta de lixo. mas eles não sabem que o pobre velho alucinado, gelado por debaixo da roupa alheia que trás, tem razão no que grita ao mundo, esse sim alucinado, e exclamam espantados que estão perante a cidade do terror em estado puro. mas a flor cá dentro esperneia que congelados estão os olhos.

2009-12-25

tenho dito #3

adoro quando o meu avô chama fera à minha avó à frente de imensa gente. adooooro.

2009-12-23

perfect mess

quando eu for crescidinha, espero um dia vir a sê-lo, quero esta desarrumação inspirada permanetemente no meu atlier (sim, quero um na minha casa!), esta confusão de revistas, recortes, colas, tesouras, velcro, canetas, lápis, réguas, livros, diários, cadernos, recordações, jornais, fotografias. todo o santo ano, porque é assim que me sinto bem, sem descorar nos quilos de chocolate de leite. e depois, no natal, quero que este se encha de listas do que vou fazer para quem, de folhas escritas à mão com memórias a transbordar de lições de vida e carinho. sempre achei que as únicas prendas de natal que faziam sentido eram as que passavam pela sequência coração-(pseudo)cérebro-mãos-secretária-porta-casa do amigo- mãos-coração. este ano, apaixonei-me por elas.
UM EISH DE NATAL PARA TODOS, corações :D

2009-12-20

ovelha negra

acho piada quando te gabas da tua independência insolente. esse teu vicio de não os teres, de achares que não há por aí ninguém que te prenda ao mesmo chão dois tempos seguidos, de te saberes leve o suficiente para dançar na chuva perante todos. perante mim, e sabes o quanto odeio assistir sentada a espectáculos em que fui inicio, meio e fim nos bastidores. gozas-me por ter de passar a vida a ir ao pingo doce comprar chocolate e por não deixar de sorrir àqueles de quem gosto, por pior que me façam.

e eu continuo a achar piada à tua independência insolente. continuo a anuir quando me chamas viciada em tudo e em todos. quando me avisas que para o mês que vem não podes ir comigo à fnac do alegro, para nos deitarmos de barriga para baixo na secção de romances históricos, mas que me telefonas de havana com histórias prometidas nas minhas folhas em branco espalhadas em tudo quanto é parte.

é que apesar de tudo, sei-me dependente compulsiva. mas até acho piada a essa senhora de mala rigida pop-art, que é a única de quem sei ser independente. independência, nome e feitio.

2009-12-14

meias da avó Eduarda

e hoje venho aqui sem meias palavras. sem meias medidas, meias bias, meias flores. sem meias, estou descalça. estou descalça, e até sabes o quanto gosto de andar por aí assim. portanto, é porque gosto disto assim, descalça, com todos os meios corações juntos e apertadinhos. eu sei ser. e ser feliz é isso. andar descalço, juntar metades e fazer delas cabeça, tronco e membros. no fim do dia, ser feliz é uma definição qualquer entre o comodismo, o amor e a ambição. de qualquer das maneiras, a ambição disse-me olá. o amor veio e deu-me dois beijinhos, o comodismo apareceu e puxou-me para o colo. e eu, descalça, por entre o tímida e o extasiada, fui feliz às metades.

2009-12-10

perfect christmas wish

estava sempre a desenhar flores. a esferográfica azul, flores numa folha de linha, desajeitadas. dizias sempre que eram bonitas, flores de campo não se fazem alinhadas. e eu estava sempre a desenhar flores, e tu fazias outra coisa qualquer. adivinhava-te, em folhas de linhas não floridas, a dobrares arte por entre os teus dedos grosseiros. bonitos, que dedos trabalharadores não se fazem alinhados.
'mania de dobrares papel', refilona. desconcentrava-me esse som dos meus rascunhos floridos.
'mania de o escrevinhares', e beijavas-me na nuca, adivinhando-me os arrepios.
com o tempo desabituaste-te a espreitar os meus papéis floridos, para depois os vires pedir em alvoradas seguintes. eu dava-tos sempre, na esperança de em vez de rosas, me dares girassóis de papel. e foi num seguimento dessas manhãs esperançosas, despois da emancipação feminina da lição 60 e tal da aula de história, que me disseste que me querias arrepiar até deixar de fazer flores em folhas de linhas. que, apesar de nunca termos sido alinhados com o vento, nos querias a voar em campos de girassóis desajeitados. foi aí que eu comecei a escrever-te em pretérito imperfeito, que de contradições percebo eu.

2009-12-07

tenho o colestrol elevado

sim, eu já perdi. mas, no fim do dia, és só mais um jogo que insisto em jogar, que vou perdendo, jogando, deitando as mãos à cabeça, sonhando e jogando outra vez. isso da pureza, dos campos com flores e do sal do mar nos lábios não se compara a ti, meu jogo preferido, era o que diriam se me vissem aqui, agora. mas há quem saiba que só te jogo por pena de deixar passar, sou possessiva, passiva-agressiva. e tu és um jogo de cartas monossilábico.

2009-12-05

keep your fingers crossed

que o pior está para vir. cruza os dedos, as mãos, as pernas, os pés, tudo. depois sentamo-nos os dois nas escadas e esperamos, que o pior está para vir. e falamos, de conversas perdidas em viagens de carro aborrecidas e tardias. o pior está para vir e ninguém acredita. mas todos o sabemos. por isso, por essas ruas, gozadas de nome, por essas ruas, jardins, estradas e escadas, muita gente se senta. e desconversa a maior parte das vezes.

o pior chegou e nós não reparámos. estavamos a falar de coisas nunca descobertas nestas ruas. coisas gozadas, mas para nós o pior passou. está aqui, ao nosso lado, mas passou. passou e já sabes que vou chorar, tenho medo pelos outros. porque sei, e tu também sabes, que eles não têm medo de desconversar. mas eu tenho, tenho medo que venha uma onda e tu já não aguentes mais aí sentado. e depois eu já não vou ter ninguém com quem falar de coisas perdidas, e perdida já eu estou noutras ruas que não esta, farta de ser gozada por pessoas destemidas. e tenho medo de me sentar, perdida, e desconversar.

qualquer dia vem uma onda e leva-me a mim.

maçã de adão

tenho medo de vazios, odeio preenchê-los desta forma. detesto pensar assim, que os vou sentir para sempre. chego a ter pena de mim por não perceber que o quê crucial das mãos não são os dedos esguios, o tom de pele e a beleza apresentável das unhas, às vezes roidas. mas que o ponto culminante da sua magia é mesmo o facto de não estarem sempre presentes, como tentáculos apaziguadores.
sei de mãos que se foram já, duvido que alguma vez se tentem por estes lados. mas não tenho muitos problemas com isso, visto pelo prisma do 'vai ser bom, não foi?', que mãos temos pouco tempo para andar acorrentados a elas pelas ruas. e se andamos, somos então transeuntes desesperados por pontas soltas de carinho e atenção. sei que não gostas de afectos, mãos acorrentadas desde tempos muito menos, mas adoro ter as mãos pousadas no colo e ver as tuas trabalhar, soltas e leves, para mim.

2009-11-29

não foi disto que me ri ontem

e continuo sem me rir hoje. concordo plenamente com o meu escritor preferido que nunca li, Miguel Esteves Cardoso 'o amor é uma coisa, a vida é outra'. foi isto que fizemos todos nós. não que ache o mais correcto, a simplicidade e rigidez puras, mágicas, que se fartam de fazer milagres aqui e ali. por mim, admito-lhes uns quantos, agradeço-lhes a generosidade. mas continuo. não era assim que devia ser, supostamente. as palavras deviam correr rápido entre a vida e o amor, e já me explicavam a mim, menina, porque é que não é assim. o amor devia ser puro, mágico, simples, rigido q.b. e mais todas as outras coisas ao mesmo tempo. a força resultante dava vida, espero eu, que não sei de ciências exactas. mas amor e vida deviam andar juntos, compassados, embora que em baloiços diferentes. amor devia ser vida, e vice-versa. e eu, menina, estou farta de tentar perceber porque é que amantes, dos mais intensos que já vi, insistem em viver da meia noite as 6 da tarde e amar na sobra dos tempos. tá bem que o amor é uma coisa, e a vida é outra. mas acho que não lhes fazia mal nenhum chocarem de frente de vez em quando.

microscópio

é bom andar com vontade de escrever e ter por onde ir. e a sensação de insónia por estas emoções é aterrorizante. não digam a ninguém, mas tenho medo de não voltar a adormecer e a sonhar novamente. por isso, meus caros, vou arrastar-me a fazer de cada olhar, palavra e de cada experiência, parágrafo. isso, isso é melhor que todas as tabletes de chocolate de leite, que todas as paixões descobertas.

2009-11-18

agenda 2009-2010

não sou de agendas, chega de riscares em mim planos adiados e estragados pelo mau tempo. eu, pessoa extremamente organizada nas carradas de papéis soltos espalhados pelo quarto e por mãos de várias gentes, não sou de riscar planos sonhados por brisas leves. não me planifiques, pelo meio dos devaneios em que te deitas. muito menos ouses publicar-me, riscada e amachucada pela tua vida rotineira, com a mesma música de fundo de sempre, ás horas de sempre. não cumpro horas, não sou de agendas. não me encaixes em horários porque tens que estar ali às tantas, fazes-me inveja. é que eu tenho de estar em muitos sitios, mas nunca sei dessas obrigações. fazes-me inveja, tu e a tua agenda castanho seco. meto as chaves à porta, solto o cabelo e lembro-me que não tinha agendado isso em lado nenhum.

2009-11-12

amor é #2

passa tudo, e nem tempestade, nem bonança, qual brisa suave. nublado com abertas, e se for, já é bom, já te contentas. porque no fim, é só a tua vida, é só a tua rotina e o teu corre-corre odiável. mas o ódio vem sempre de mãos dadas com o amor, e até começas a sentir um fraquinho por esta plenitude e estabilidade. no fim do dia, chegas a amar as pantufas, sempre as mesmas, no armário, sempre o mesmo. as conversas, os amigos, os sitios. é amor.

2009-11-08

speechless

(...)
Evangelho é olhar o céu com olhos de esperança
Evangelho é dizer obrigado ao nascer do dia.
E continuar cantando ao fazer caminho.
E continuar cantando ao fazer caminho.

2009-11-07

mix mix

preciso mesmo de escrever, não me venham dizer que isso é só transcrever sentimentos em fraseados bonitos feitos em tempo record por quem não os quer sentir. preciso de escrever e de sentir que alguém me sabe ler, porque eu também preciso mesmo de ler as pessoas, em pé e com voz de quem sabe do que fala, de preferência. leio e escrevo, espero ir-me reinventando assim. originalidade e versatilidade no que leio, escrevo e faço, como os cadernos para a escola ou as carteiras que vou agora inventar. eu preciso de cultura e que se façam cultos comigo, não é mentira nem afirmação.

2009-11-03

pedra prata

descalço as botas e adivinhas-me os nervos pelas mãos firmes que se afirmam agora instáveis. vês-me, por trás das cortinas brancas, a abrir a janela e a tentar roubar da coragem do ar por se passear ali, mas, por não me saberes de cor, nem sonhas o que te espera. sou de luas. sou de luas e tu nem me imaginas tão prata quanto ela, como haverias de me saber de cor?
agora, estou lua nova. e quando me renovo, dizem que há sempre brilho que se vai esvaiando por entre os dedos gélidos. saberias-me de cor se fosse então lua cheia, de ti e de mim, dos sorrisos que roubávamos às estrelas. agora, lua nova que se quer ver crescer, não sei. como não sei, dá-me um brilho, uma luz de estrela imaginária, vá lá.
não te estou a pedir muito, estou? afinal, és o planeta.

2009-11-01

estalou

no meu querido EISH, dizem as más linguas, escrevem-se coisas falsas de pessoas falsas. escreve-se por mediatismo, falta de vida e afins.
mas queres a verdade, vamos: eu não sei se te amo que não sei nada sobre amor, mas gosto muito de ti, até corria para o teu colo se depois não te queixasses de dores nas costas. que sou uma merda sem ti, tenho quase toda a certeza, pois tu próprio fazes questão de mo lembrar com esse sorriso de poeta que me lembra a porcariazinha que é a minha escrita, e em como há sofridos que são tudo menos génios das letras. então eu qualquer-coisa-parecida-com-amor, e não consigo deixar de te apontar os defeitos porque a tua maior qualidade é saberes viver sem mim. e agora, vou-me enrolar com um qualquer para me lembrar outra vez de como os teus beijos eram quentes e artisticos, afogo as mágoas duma vida sem fundo no chocolate e tu dizes que te é indiferente se cantas rap do melhor para mim ou não. EISH DE VIDA.

2009-10-30

nature

eras pequenina e sabias que o teu tempo ainda estava para vir. eras pequenina e olhavas, pela janela do carro do pápá, os grandes e crescidos que já podiam andar sozinhos nas ruas, nenhum homem mau lhes ia oferecer doces falsos. eras pequenina, brincavas com bonecas e sonhavas com o dia em que te ias passear com sorriso liberal e de alma acorrentada ao menino que se sentava ao teu lado a brincar com os legos. eras pequenina, imaginavas-te dona do teu destino, mundo encantado de trocadilhos confusos e empolgantes. o teu tempo ainda estava para vir, mas quando viesse havias de ser mulher de ti. mas eras pequenina, crescias e não davas conta. crescias e já quase que não eras a pequenina de sempre, perdida de sorrisos que acorrentavam almas e despedaçavam sonhos.
'não queiras tão assim ser mulher de ti, minha pequenina. não deixes que te ofereçam doces que só te querem libertar dessa inocência. o teu tempo chegou, é-o agora em ti e sem mais ninguém para te acorrentar a trocadilhos confusos e empolgantes. minha pequenina, sê senhora agora. senhora de alma liberal e sorriso empolgante.'

2009-10-25

'life in plastic, it's fantastic'

sinceramente, de ti já não espero nada. nem mesmo que sejas feliz. e agora só sou eu. e eu é que vou deixar que isto acabe, eu. não vale a pena, e a única coisa que me entristece neste momento foi teres feito de mim uma vencida, sem sequer seres tu o vencedor. em questão de força, sabes bem quem a leva a melhor. virei-te as costas vezes e vezes sem conta, e adivinhava-te o sorriso de gozo disfarçado ao saberes que ia voltar. imagino-to aí, agora, enquanto preguiças nessa tua posição de artista adquirido. continua, que vais bem. mas, quando eu me decidir a continuar e puser a preguiça, a falta de verdade e a pena de lado, nem tu sabes o quanto me vou rir na minha arte. arte triste, que muitos a devem já saber de cor, arte falsa de sorriso adquirido. mas não penses que te sais melhor que eu, preguiçoso arrumadinho e farto de saber que não precisa de arquivar papeis de outros, é artista.

2009-10-20

dança da chuva

chove, falam alto. chove, 'ai que já molhei as calças!'. chove, e a gente sente-se bem a dar boleia a alguém no chapéu de chuva. chove, e todos dizem 'odeio chuva!'. mas chove, e toda a gente se aninha, vão para o quentinho, enroscam-se uns nos outros. a chuva é de extremos, chuva é comigo. não que goste, mas sou de extremos. chove e os olhos ficam diferentes, sabe bem ver olhos de quem vê, na paisagem da janela da sala de aula, coisas que, arrisco, o sol não sabe trazer. nem a paisagem. nem os olhos.
'está a chover' - susurra-mo baixinho para as nuvens rezingonas não ouvirem.

2009-10-18

casulo de mel

espreita pela porta. devagarinho, não acordes a borboleta. expulsa sem hesitar quem já lá está dentro, a fazer barulho, barulho que atormenta a borboleta mas não a faz acordar. quando estiveres sozinho, observa as asinhas brancas translúcidas que lutam por se manterem assim. brancas, tranlúcidas. sem acordar a borboleta, tenta tocá-las. mas deixa-as sempre assim. brancas, translúcidas. quando vires que é tempo e a borboleta não vai fugir de ti, acorda-a com festinhas mansas e em biquinhos de pés, festinhas de quem dança sem querer tocar o chão. acorda-a e fá-la ver que sempre há beleza cá fora, que nem todos vão fazer dela bola de pinball. deixa-a posar no teu nariz, olha-a nos olhos e mostra-lhe, com isso, a beleza que sempre há cá fora. acorda-a, mais às borboletas no meu estomago.

2009-10-14

eu digo!

há coisas que sabem mesmo tirar-nos a inspiração. há pessoas que sabem exactamente como nos tirar as palavras da boca. e há dias em que, em situações completamente distintas, ficamos sem palavras e sem inspiração. e há quem diga que isso até é capaz de ser bom.

2009-10-06

a luta continua #2

- é tempo, ja te disse. calhou-te o mal-me-quer, resigna-te, segue em frente, eu juro que desta vez não estou a gozar com a tua inocência exagerada.
- eu sei, já lhe disse 'vai-te embora, sai daqui'. mas não sai, o coração não sai!
- é que é assim, ou se misturam as duas e fico só com uma réstia do cheiro a margaridas e pacotes de açúcar amarelos ou se lava tudo muito bem com água do mar. margarida, as flores não renascem outra vez!
- mas ele tremia os olhos...
- e isso é bom? pára de uma vez de analisar cada segundo que passámos, de relembrar como os dias eram cheios, de como não havia nem uma marca de sal na nossa cara. deixa-nos ir, a todas!
- e se quando, em velhinha, passarmos o tempo do croché a perguntar 'e se?'
- e se parassem as duas? como alguém, que ainda não sei quem, disse no outro dia 'eleva-te nessa tua indecisão'. chega de desflorar mal-me-queres, aqui já não há mau nem bom. há dá a mão, mas não a mim.

2009-10-04

olha para o céu: é branco ou azul?

eleva-te nessa tua indecição, faz dela um bem necesário a que poucos têm direito. muda-te com ela, envolve-te e toma consciência de que às vezes, há mais que uma opção certa, porque não há erradas. não há verdade absoluta, a folha que sobes pode ser amarela e verde. mas... gostas mais de amarelo, ou de verde?
deixa-te subir nessa confusão de ideias, sentimentos e futuros. põe-te no presente que te deram, que não é uma corrida para o amanhã, que não é um laço concreto. é um passeio onde podes dançar na chuva, despentear o cabelo, o teu e o dos outros. despenteia-te em câmara lenta, vê que por onde quer que vás, há caminhos bons e maus. veste-te, e despenteada sai com um sorriso novo à rua, ergue as sobrancelhas e segue em frente. dá a mão a quem quiseres, mas dá a mão.

2009-09-29

docinho



um obrigada à daniela, do http://declaro-mesonhadora.blogspot.com/, que me acarinhou o dia com este docinho!

ora bem, agora tenho que apontar 9 caracteristicas minhas:
confusa, original, teimosa, romântica, simples, agridoce, destravada e calminha. flor!

e o meu docinho, chocolate!


deixo este doce a todos os gulosos que o quiserem :D

2009-09-27

amor é #1

amor é achares que estás a apanhar um secão quando estás sentada com os teus amigos, sem fazer nada. mas quando estás no mesmo espaço fisico que esse amor, mesmo que ele não te ame e te despreze, sozinha contigo mesma, sentada, sem ninguem, aches que esse, sim, foi o momento alto do teu dia.

2009-09-21

vamos jogar à bola!

preguiça de fazer trabalhos, acartar com responsabilidades e obrigações? compreende-se. de amar quem só nos faz mal? normal. de lavar a loiça? está bem, pronto. mas... preguiça de melhorar o dia de alguém, quando essa mesma acção nos diverte e aqueçe o coração? por favor, já que não vos dá trabalhinho nenhum dizer mal de tudo o que é diferente do que estão habituadinhos, minhas galinhas de aviário, saiam lá para fora e dançem um bocado! já chega da era dos preconceitos que vos leva ao banco de suplentes. venham jogar à bola! deixem para lá as mágoas da vida, que toda a gente as tem e não é por isso que há falta de sorrisos por esses dias fora, é por preguiça e hábito do mal dizer. somos todos génios, se não fossemos, dificilmente aqui estariamos.

2009-09-10

expirou, o meu prazo de garantia.

quiseste dar-me poesias e garantias de que não me arrancavas lágrimas do peito. sabias o quanto odeio chorar, como os meus lábios incham e ficam dum vermelho vivo raspado desprezivel, e por isso, garantiste-me que desgraças não eram connosco. depois, ficaste-te só por garantir uma amizade que ia voltar ao que sempre foi. hoje, te garanto que nao caio mais na tua de 'bom rapaz cavalheiresco'. te garanto que nem nos confins do mundo deves encontrar alguém com a minha força para te fazer ver que poetas não têm que ser sofridos. ou mesmo que chegas a ser poeta. e não te dou mais garantias de que nao te volto a incomodar, vou incomodar decerto, com os meus olhos que te levam a serpentear pelas memórias dos dias mais felizes que tiveste, com a garantia que me tinhas como certa. com o meu corpo que já foi mundo encaixado nos teus braços nervosos. e sim, és cobarde sem força para o admitir. foges de mim, tal como foges de quem consegue aguentar o teu mau humor disfarçado. e deves querer mesmo ser sofrido, para mostrares que consegues ser poeta, verdade? pois bem, a minha versatilidade sempre foi além do teu pensar antiquado e imóvel, querido.

2009-09-05

se calhar até tenho medo do espaço.

já que estamos em tempo de regresso, regresso eu também à aparente satisfação que me entorpece os sentidos e me alenta loucamente. é que quando caimos fundo, o buraco é estreito e só nós nos podemos levantar. sozinhos.
que a satisfaçao, por si só, não é remédio para ninguém, todos nós sabemos, incansáveis na luta por toda aquela felicidade fugaz que nos sabe a sol e a infinito. mas essa satisfação é que acaba por nos trazer as memórias e os laços para um caminho pleno, de felicidade. e essa outra felicidade inalcançável talvez seja só mesmo isso. é inalcançável, pois por isso mesmo é felicidade. uma tarde de sorrisos verdadeiros e brincadeiras fresquinhas? nááá, que isso é só fogo de vista. estamos sozinhos, tooooodinhos. mas chegar ali, ali longe, vês? isso sim, claro que é ser feliz. meus meninos: eu quero ir a Marte, com o meu marido, os meus três filhos lindos, fazer uma reportagem sobre isso e receber mensagens dos meus verdadeiros amigos a dizer que adoraram lê-la. mas se por enquanto receber alguns carinhos de amigos verdadeiros, fazer umas quantas reportagens por brincadeira e conhecer alguns candidatos a maridos, aí, a minha satisfação toma-me conta do sorriso.

2009-08-31

É MESMO ISSO.

o eish vai ficar com cor, tal como eu. vou pintar-me para me agradar, que o tempo de aparencias já passou e nunca o foi. assim, aos poucos, vou eu colorir a minha vida, não tu, nem os outros. vou eu colori-la. não há minha maneira, que ela sempre dançou comigo no seu estilo preferido. louco. e eu gosto é devagarinho. por isso, devagar ou não, a cor vai inundar-me mais uma vez. a mim, e ao meu eish!

2009-08-24

capacidades

hoje o meu namoradinho poeta, romântico e pacato, dizem, acabou comigo. hoje vesti o vestido de noiva rendado, branquinho já antigo e muito inspirador da minha mãe. hoje ri-me quando me tiraram a pessoa mais divina que conheço. hoje chorei quando apertei o fecho do vestido que me empurrou para vida. e hoje, pela primeira vez, estou a tornar a minha vida num pouco menos que um diário. porque, afinal de contas, não é mais que isso.

2009-08-12

cinzas renascidas

está de dia. sei-o pelas paredes, já brancas com tom de sol. paredes brancas, nuas. não, não as sei de cor. vislumbro apenas rasgos de paredes brancas como estas, cheias noutros tempos. já foram doces, estas paredes nuas. já as soube de cor e continuo a desejar ardentemente tomar-lhes o gosto. mas agora é diferente, agora estão nuas. nuas e despojadas de qualquer sentimento açucarado.
já desnudei a mente sentido-lhes o cheiro, um dia. cheiro meu. cheiro acertado, puro como a neve, branco como as paredes que tomo por minhas. ainda o sinto, com as mãos gélidas. sempre as tive assim, frias, brancas, puras. sempre as tive assim, mais ao cheiro agora prata pálido, não descurando a beleza.
e é isto. sempre achei belo, este cheiro brilhante como o céu traçado pelas nuvens empoeiradas, cinzentas, retorcidas. só e apenas. não havia, nem há, arte nenhuma nisto. arte funcional, ou meramente ilusionista. arte de todo. arte colorida, máscaras bem disfarçadas. arte a preto e branco, antiga que parece que lhe mexes com sussurros. vida, gosto de lhe chamar, cheiro inanimado, então. cheiro nu. cheiro que se expira, não cheiro inspirado.
portanto, seja. já foi. só e apenas uma confirmação. só e apenas um desabafo. desabafei contigo, um dia, no tom de sol cheio que desejo. desabafei contigo frustrações esquecidas, feridas que já foram. hoje, desabafo que de belo, não tens nada. e é isto, só e apenas uma falta de beleza mal-entendida. porque hoje, já não desejo paredes nuas e enfadonhas, réstias de um sol que se pôs. já não sinto um cheiro que, agora vejo, é cinzento! e errante, empoeirado e retorcido como as nuvens que, um dia, me traçaram um mal-entendido.
chega, então. está bem que para bom entendedor meia palavra basta e eu não sou, nem fui, quando o açúcar ainda se derretia lentamente na minha língua pura de meias palavras. mas sim, já foi o bastante.
agora vou, deixa-me ir, belo mascarado. vou apurar o meu olfacto para sítios brilhantes, sem vestígios de pó que me façam torcer o nariz. onde a noite faça umas paredes brancas, cheias, as quais vou tomar o gosto lentamente (tenho uma eternidade, que estas sim, são paredes estáveis), prata como a tinta que outrora bebi sofregamente, que momentos fugazes são comigo.

2009-08-04

Adolescência?

eu tento ser rara da maneira mais comum possivel. sabes, até me esforço bastante para isso. rapazes. compras. escola. este-namora-com-aquela e vice-versa. saidas. hoje-vi-o-naoseiquantas. às vezes lá me satisfaz, conversas de menininha arrojada. mas eu não gosto de rapazes que hoje-foi-esta-e-amanhã-vai-ser-aquela, cujo objectivo que uma rapariga vê numa conquista, pensamos, das grandes, é mudar para sempre essa maneira de se ser influenciável, para um principe encantado, romântico incurável. compras... humm, sim, um bom livro, talvez.
sabes, cada vez nutro mais indiferença por essas modas decadentes, por essas gentes populares de imagem. indiferença, quem sabe uma pontada de raiva. não por ser rejeitada e estar revoltada com a sociedade, ao ponto de tomar essas cabeças arranjadinhas e populares por ocas. não. só queria que me deixassem ver através disso.

2009-07-12

um dia gostava de trabalhar numa cabana de praia

e que a minha mãe nao dissesse que eu sou apanhada por ter esse tipo de conversas. gostava era de saber que tipo é esse. se calhar ando demasiado feliz para ela. para todos, talvez. mas vá, nao vamos falar na minha felicidade adrupta, que eu nao quero massar ninguém com a minha ridicularidade banal. não que me importe com ela. acho que o que falta às pessoas é mesmo o não se importar em ser banal. em ser ridiculo, em ter um tipo de conversas que ninguém tem. porque hoje nao me falta nada. algumas coisas, já que me lembras... mas deixa lá, hão-de vir, se não vierem não percas a esperança. esperança, toda a gente a tem. é banal, e o banal é simples. ás vezes dizia que a felicidade estava na simplicidade... oh, como eu ando aluada.

2009-06-29

no inicio, não gostava da esquadra.

A árvore do jardim em frente, de mãos dadas com o parapeito da janela do meu quarto, sempre me acompanhou nas altas conversas de madrugada, enquanto o polícia olha para mim, perplexo, vendo-me a falar com uma ternura e uma firmeza quase raras nas madrugadas que pairam sobre os seus anos de serviço. Uma vez, nessas conversas que pairam nos meus jovens anos, falei com a árvore sobre o polícia, do qual sei de cor o cabelo grisalho visto de cima, nas tristes insónias em vésperas de acontecimentos que na altura me passavam ao lado. Tem cara de quem ama, o meu polícia. Às vezes desejo que ele saiba de cor a minha camisa de dormir enfadonha, vista de baixo. Às vezes espero por ele nas vésperas de acontecimentos que agora me põem ansiosa, como que esperando o despertar da árvore que me traz os sonhos. Querida árvore. Lê-me tão bem, ela. Sabe-me como sabe do polícia, com a farda que sabe de cor, vista do alto dos seus ramos fortes, que me embalam em madrugadas despertas. Falamos tanto, nós as duas. Às vezes pressinto que o polícia, o nosso polícia, nos ouve como quem desvenda a letra de uma canção. Porque eu e a árvore sabemos de coisas que nunca ninguém teve a esperança de saber. E eu gosto do polícia, que há tantos anos de serviço me vê no mesmo parapeito, debruçada sobre o mundo que já quase descortinei. Não me importava que ele soubesse das coisas que nós sabemos, quando olhamos a paisagem, a mesma de sempre, nas madrugadas por esquecer. Caminhamos lado a lado, estando fartas de ser prisioneiras do mesmo chão, que tantas vezes nos levou a melhor. Arranco-lhe as raízes, e ela dá-me a mão e tira-me do parapeito, do alto das suas folhas grandes e majestosas. Voamos lado a lado, atentando no chão que levamos a melhor, agora. Eu e a árvore, às vezes o nosso polícia.

2009-06-14

ontem, hoje e amanhã.

E hoje, hoje eu tenho tanta coisa para dizer. Voltei à plenitude que o turbilhão de emoções e revelações me roubou. Já ouço todas as vozes que me compreendem como ninguém naquilo que dizem ser complicações. Agora que as ouço, tenho todas as ideias disponíveis para desbloquear as sensações que me têm feito tanta falta. Porque hoje, hoje eu vi tudo com os olhos mais diferentes que poderia alguma vez vir a ter. Hoje atirei-me com força a alguém que se calhar nem é o meu objectivo. Hoje senti o mar, senti a sua sabedoria, percebi que por mais que nos fujam todas as coisas que nos mantém agarrados à Terra, à sempre qualquer coisa que fica, que segura os nossos pés o mais firme possível no chão. Os nossos pés. Porque pode ir tudo, mas nós não vamos. E nós vamos sempre ter alguém, eu vou sempre ter-me a mim. Hoje vi um cão perdido à procura do dono. E vi a esperança. Esperança que tenho perdido nos últimos dias, mas que o cão me devolveu. Fiquei triste por ele. Afoguei essa pseudo-tristeza nas ondas que me davam generosamente gotas de água que não encontro em parte alguma, mas que elas me dão. E quando emergi novamente da espuma, o cão encontrou o dono. Hoje enrolei-me na areia e senti o seu toque áspero que me devolveu toda a minha realidade. Senti-me Margarida novamente, e disse olá ao céu. Mas a Bia não se foi embora. E agora sim, estou tão plena e alegre, que voltei a ter tudo para dizer. E voltei também a dispensar todas as palavras que me bombardeiam, para apenas sorrir.

2009-06-11

fui

hoje, as palavras correm duma maneira inigualável. e eu não sei, se sou eu se és tu, ou vocês aí, que mas fazem fluir desta forma que não antes vi. sei que correm. mas não saem.
correm as palavras, as lágrimas e as recordações de tempos que já não são os meus. já o foram. "no meu tempo". no meu tempo era tudo muito bonito. tinha amigos. amigos, as tardes que passámos juntos. as memórias permanecem, há pontes de ligação. os mesmos quatro velhos nos mesmo dois bancos à beira da estrada onde passámos e passamos, a pé, no carro. o carro não era sempre o mesmo, variava consoante o número de viajantes ou a vontade que tinhamos de ir juntos no caminho, mais uns quantos minutos na alegria sensaborona que partilhámos vezes sem conta. às vezes eramos muitos dentro do carro. eu costumava ir ao colo nessas vezes, por ser a mais pequenina. ainda sou, pelo menos isso ficou. mas vocês cresceram. meu Deus, como cresceram. tenho orgulho em vocês, meus pequeninos, que já são homens capazes de provar da sensibilidade das mulheres, quase que vossas. provam da minha, provam-na como ninguém. é escusado, eu sei que sim. habituaram-se a prová-la e sentem-lhe o cheiro à distância, mesmo que escondido por entre rasgos de loucura falsificada. e tinha também algumas das agora mulheres, quase que vossas, quando bastavam beijinhos e mãos dadas para me iluminarem a alma, como que por magia, daquela onde os truques não são nunca revelados. tinha conversas das complicadas, onde havia tempo, paz e compreensão suficientes para me poder perder e me ver como me viam a mim, por entre essas conversas paralelas a nós.
e hoje, os tempos mudaram. os tempos, as vontades. a esperança. a esperança que só morre quando morremos também. mas que se morrer parte de nós, uma parte só nossa, e não, não falo de pessoas que são parte de nós. falo de partes de nós. partes. se morrem, a esperança que nela se escondia morre também. eu nunca havia visto essa esperança. mas quando ela morreu, morri eu também.

2009-06-07

a luta continua #1

- acho que se comesse alguém hoje, só mesmo para me sentir, isto se ia resolver tudo.
- quê, esta maneira de estar assim sempre falsamente alegre e desvairada, com vaipes de lucidez em que realmente se vê o interior?
- exacto.
- não sei se me apetece enfiar a lingua na goela de alguém hoje, está?
- pois, isso vai muito contra mim.
- claro, enquanto estou assim, sem sentir nenhum aperto no coração, ou até uma ligeira acelaração do batimento, o melhor é mesmo seguir a risca os principios. é que não, não faz sentido.
- se não me agarrar aos principios não me agarro a nada, porque duvido que comer alguém vá resolver alguma coisa!
- opá, o melhor é estar quietinha.
- até me dar um ataque de choro à frente desta gente toda.
- era só mais uma no meio desta rebaldaria toda. não gosto disto, quero-me ir embora.
- e eu.
- e eu.
- olha, fica quietinha, é mesmo o melhor. comer alguém não vai ajudar, é um ponto sem retorno. ou a fama ou a revelação, não quero escolher nenhuma. prefiro então o ataque de choro. sempre posso fingir que estou bebeda, e ir no comboio. pode sempre levar-me a algum lado, não é? mas não quero paragens desconhecidas. a esta hora, neste sitio, tresandam a alcool com toda a certeza. conhecidas ainda menos. era o bilhete de ida, ó se era!
- acho que é a primeira vez que concordo contigo, em toda a nossa existência.
- eu concordo com as duas, e desta vez não há desempates, obrigadinha.

diálogo interior na madrugada

2009-05-31

nao gosto de lencinhos com cheiro a rosas

chorar não é fraquejar, é fortalecer. e assim, quando chorares, eu não te vou dizer que nao o faças. vou-te incentivar a berrar comigo e com o mundo, e a vista maravilhosa que nos envolve. vou dar-te a mão, até a podes esmagar, tal é a força da tua desmedida desorientação. depois vais levantar a cabeça como um dia eu já fiz também e vamos então passar dias de tamanho riso, com a falta de juizo que temos e a bagagem que levamos de tantos anos de hábito inocente que partilhámos. e tu és tão forte.

2009-05-24

desta vez, vais piar fininho.

tanto se te dá, como se te deu, ok? é assim que vai ser. é que isso, isso já não é ingenuidade, é burrice. mais vale assim, sem sentir. nem dor, nem prazer, qual brilho nos olhos ou punhos cerrados. chega. vê de uma vez por todas que não é para ti, isso de cartas perfumadas e poesias gaguejadas timidamente pelos teus lábios, como que dançando aquela música que tanto gostas. contenta-te com o facto de estares aqui, no meio do nada, sem nada, sem ninguém.
sabes, a àrvore com quem falaste,
quando te sentaste no chão,
derrotada, era eu.

desafio!



muito obrigada Francisca (http://aluzdaluanova.blogspot.com/), pelo desafio que ma lançaste, até estava a precisar de relembrar estas coisinhas : )



O Desafio

as regras:
1. Publicar a imagem do selo e linkar o blog que o passou;
2.Escolher 5 situações na tua vida que mereciam ser repetidas em câmara-lenta;
3.Passar o desafio e o selo a 12 blogues e avisá-los.

as situações:
o primeiro passeio de mãos e almas dadas; a primeira página sentida; o primeiro olhar cumplice; o primeiro quadradinho de chocolate que deixei derreter na boca; o primeiro mergulho em mar alto.

os blogues:

2009-05-20

e vão 4.

agora vem, e encontra-me nessa calma firme e suave, tira-me desta satisfação indignada. faz-me sentir que o meu eu se renovou, que já não é o mesmo eu que fora em tempos. tempos esses sem alento, em que fingia ao dizer-te que a chuva e as flores, e um sorriso inesperado ao dobrar a esquina, me davam ânimo para viver mais um dia na ânsia de saber.
feitas as contas, poucas palavras restam no corre-corre da nossa rotina.
eu não quero chegar e bater com a porta, não quero um perfume que fica impregnado por onde quer que passe, não quero que sintas cada segundo em que contas com a minha presença, não quero que o sintas como se de uma escadaria tivesses caído e já não pudesses voltar a subi-la, já que os degraus desamparados cairam por terra nessa estabilidade insatisfatória, onde vivias por viver, ciente de que melhores ventos estavam para vir. eu não quero ser o vento violento que te atirou para baixo, não quero ser chuva ácida que corroeu tudo o que de mais belo tinhas para dar e com um sorriso luminoso se foi embora numa tarde primaveril. não quero entrar com o ribombar de tambores num qualquer arraial, não quero entrar na tua vida com o ribombar de trovões que não mais desaparecerão dos teus ouvidos.
mas quero entrar, sabes que sim. sem alarido, festa oficial ou paixão temerosamente artificial.

2009-05-10

o mundo, amor?

amooor, o meu mundo desmoronou-se e tu és o culpado. mas amor, o problema é que eu nao estou triste. estou a gostar de não estar presa às velhas e pestilentas raízes, apesar de continuar a gostar muito delas. não, eu não tenho só olhos para ti, amor. eu ainda tenho muitas florziiinhas que apanho e ponho no cabelo. o cabelo que gostas de cheirar e despentear. mas amor, eu queria um mundo! mostras-me o mundo? o mundo como sabes que eu gosto, amor? mostras? com cores de rebuçado, sorrisos levezinhos, amor? vamos os dois gostar desse mundo, amor, eu sei que vamos : )

2009-04-25

vs

o que eu queria era que gostasses de mim devagarinho, como quem sente o cheiro do mar com os cabelos fustigados pelo vento suave. uma calmaria desesperada e sedenta de amor duradouro. queria beijinhos ternurentos e silêncios reveladores, um andar de mãos dadas cúmplice e um olhar simples. talvez umas discussões tempestuosas e umas pazes tãão bem feitas. alguma torbulência nunca matou ninguém, e o que não mata faz-nos mais fortes. queriiia, que grande desejo.
mas sabes, esta arrongância consome-me. e o facto de saber que é uma das minhas principais caracteristicas, torna tudo pior. secalhar o melhor era ser uma arrogante ignorante. porque eu não mereço o que peço. e a cabeça diz que não, que é demais, mas o coração palpita por um 'sim' dito carinhosamente ao meu ouvido.

2009-04-22

pedrinhas sorridentes

a imaginação e a inspiraçao rareiam nestes dias. o humor muda traçoeiro, como se precisasse de mudança repentina, mas duradoura. já nem o meu cabelo é o mesmo, outrora tão agradavelmente selvagem. as minhas risadas são imponentes e cheias, mas muito muito passageiras. dizem que sou revolucionária e realmente ando bastante revoltada por estes dias, nem que seja porque o meu irmao tem mais leite no copo que eu. as borbulhas voltaram, assim como o meu lado mais extravagante.
quero mais cultura e menos futilidade, menos 'toca a despachar' e um aumento da sensibilidade.
estou na lua e a confrontar-me com a realidade ao mesmo tempo, é isso. e mais nada, que farta estou eu de complicações quando tudo pode ser tão simples, e essa mentalidade do gosto de sofrer dita por uma pessoa minimamente normal (eu que não gosto nada dessa palavra), para mim já não cola, deixem-me lá sossegada com o meu triste optimismo, que eu até ando bem comportada.

2009-04-15

Com lacinho, se faz favor.

conta-me histórias de presentes. presentes e futuros, presentes por abrir. desvenda-me com esse teu encanto tão delicioso. eu já abri o presente que te dei, abri-o por ti, desculpa. sabes que sou curiosa. é um futuro, olha que giro.

2009-04-11

já me perdi.

chamavam-me Bia. aliás, ainda chamam. eu quando era pequenina nao sabia dizer Margarida, e vá-se lá saber porquê, dizia que era Bia. coicidencia das coicidencias, a minha mãe sempre quis que me chamasse Beatriz. mas foi Margarida, e ainda bem!
eu tenho a Bia, desenfreada até mais não, eléctrica que não pára um segundo, respondona e segura de si. com ela, não fazem farinha. desarrumada, desorganizada. cabeça sabe-se lá onde. sofisticada, pulso firme. tontinha, faz-me remorsos.
depois há a Margarida. uma flor que pouca gente descobriu, uma timidez que ainda ninguém provou. é mais nova que a bia, mais inocente. não tem imunidade, muito menos à sensibilidade. a maior parte das vezes, é ela que me escreve, por estas ruazinhas que não lembram a ninguém. flor do mar, tal qual a novela. imagino-a sempre com um vestidinho às flores, corada. ela não é segura de si. não é pulso firme, deixa andar. gosta de pensar. um toquezinho de pãozinho sem sal, às vezes chega a enjoar-me. vive apaixonada por qualquer coisa que lhe apareça à frente e que lhe agrade, o minimo que seja. e chora, ela chora muito. a margarida dá-me a mão. puxa-me e deixa-me ser eu, ela sabe ajudar, mas quase nunca tem força ou coragem para o fazer.

2009-04-09

--

queres ir comigo? vamos ser aquela multidão, a multidão que grita numa confusão de susurros, que não toca mas descansa, vamos?
porque eu ainda sei sentir, sei. sei sentir toda esta simples felicidade, e, sem a tocar, vivê-la. contigo, se não for pedir muito.

2009-03-31

contente? :D

nunca iria haver uma altura certa para escrever uma coisa destas, porque estas coisas NÃO se fazem para pessoas como tu. é reles. tu mereces mais, o que temos merece mais. mas vá, já que me obrigas ... tu sabes que é verdade, mesmo que eu o negue. nem me venhas falar nisto depois, nem te atrevas! sim, nao precisas de saber, nem por mim nem por ninguém, o que me vai cá dentro, este meu dentro tão traiçoeiro. sim, basta eu olhar para ti e tu até sabes a que horas é que eu fui à casa-de-banho.
eu não me vou pôr aqui a dizer que és a pessoa mais perfeita que eu conheço, porque não és A MAIS perfeita, és perfeita para mim e ai de quem venha dizer que te acha perfeita, que grande mentiroso.
não precisas de dizer que vais estar aqui para mim sempre porque eu vou mesmo é exigir isso de ti, como tu vais exigir de mim. não te vou dizer que te amo porque odeio essa palavra, mas gosto muito muito muito muito de ti. podia encher sei lá quantas páginas a falar de ti e de nós, mas assim ninguém ia ler, e eu quero que leiam porque quero que saibam que te tenho como amiga, porque isso é digno, sei lá, de um momento de silêncio. também não vou encher isto de memórias, a maior parte é uma grande vergonha, eu prefiro rir-me delas só contigo. no meio disto tudo, só te estou a dizer que este texto não vai valer de nada, porque eu não sei dizer palavras bonitas como isto.
olha, OBRIGADA. obrigada por poder chorar no teu ombro durante os intervalos, por me consolares quando me metem aranhas em cima, por saberes sempre tudo sem que eu diga palavras que o confirmem. obrigada por todas as sextas à tarde, por todas as férias e dias de escola, fins de semana e feriados. e desculpa as vezes em que sou má (ou boazinha de mais, ahah)

2009-03-30

nao queiras fazer tudo bem, tudo perfeito para os outros. esquece os outros, és só tu e os teus, tu e Deus. e sente-te a ti e à tua mensagem, seja lá ela qual for. vai ser maravilhoso.









sim, eu nao consigo concentrar-me noutra coisa. melhor musical, fazemos parte!

2009-03-23

carinhosamente, aqui.

Na quietude da noite que caminha levezinha sobre a colcha amarrotada da minha cama, o sol desprende-se de mim e passeia por estas ruas ainda cheias do teu olhar. eu deixo-o ir. eu sei que ele volta, tu também voltas.
Ao deixá-lo ir, sorrio. Ternura, que ternura. É o "deveria".
Não gosto do por-do-sol. É demasiado forte e marcante. tal qual o Amo-te, é constrangedor. só o quero achar bonito quando já tiver brancos e disser "no meu tempo".
Amanhecer e gosto de ti, assim sim.
Quero amanhecer contigo, e, na quietude da noite, deixar o sol ir, por essas ruas tão cheias de solidão. Porque o teu olhar, o teu olhar vai estar comigo.

2009-03-20

como?

que mania gostar tanto destes gestos pequeninos que fazem milagres, destes presentinhos que nos meteram a todos à frente, embrulhados com todo o primor, lacinho e tudo. e que mania esta ingratidão despercebida, esta imunidade toda à sensibilidade. mas, e quando se descobre que o presentinho foi enviado há tanto tempo, e esteve sempre lá, debaixo da cama, por incrivel que pareça sem ganhar pó, como é que se faz quando se descobre o mais que maravilhoso presentinho e se percebe que já nao há hipótese de agradecer? como é que se faz quando a imunidade desaparece e só queremos dar, mas ninguém quer receber de nós?

2009-03-14

Falta de pseudo-inspiração

às segundas tenho educação fisica de manhã e passo o resto do dia dessincronizada. às terças tenho a stora que mais odeio à primeira hora. às quartas passo o dia a rir e oiço durante duas horas que os portugueses são cães. às quintas ficou maldisposta logo de manha porque a minha colega de carteira da primeira hora cheira pior que sei lá o quê. às sextas acordo SEMPRE com dores de cabeça, mas é o melhor dia da semana. ao sábado riu-me do que me aconteceu durante 5 dias em que sou brutalmente esmagada por macacóides, só para tomar o pequeno almoço.

e pronto, fico sem inspiração.

2009-03-06

odeio

esta pimenta no nariz e estes projectos de lágrimas que não deixam ver nada, esta necessidade de mimos que ninguém dá e esta vozinha interior a dizer que me estou a fazer de vitima.

2009-03-03

yaya

A melancolia toma conta de mim. Escrevo por frases e sentimentos sem sentido.
Estive a dez centimetros de ti e não dei conta, podia ter sentido, saboreado a tua essencia, mas o choque queimou-me, de dentro para fora, e não quis sair. Hoje, sei que provavelmente vou voltar a estar sentada a teu lado, que poder voltar a sentir o teu sorriso e banhar-me nessa tua luz tão calma, tudo menos intensa e histérica. Sei que vou poder pertencer-te de novo.
Mas tu não te vais aperceber como antes fizeste. Vais sorrir e ser agradavelmente indiferente. Mas eu não quero indiferença. Odeia-me. Ama-me. FAZ QUALQUER COISA! Não sejas agradável.
Porque eu até gostava de ser a pessoa a quem respondias com maus modos sem medo de represálias, podia até vir a ser essa pessoa, se não fosse lenta, se não fosse tão imune à sensibilidade. Podia, se lutasse.

2009-02-28

Eu queria, muito.

Só precisava de um empurrãozinho. Um empurrãozinho para fazer o que devia, um devia facultativo mas importante. Às vezes não consigo fazer isso sozinha, sem alguém em carne e osso a meu lado, para me dar a mão neste quarto acolhedor, mas escuro como breu. Porque ao contrário do que muitos pensam, eu não me quero deitar na cama de dossel e sentir-me uma princesa, eu quero sentar-me à secretária ou mesmo sair pela janela, já que a porta está trancada por dentro e engoli a chave num momento de lucidez, e fazer todos os trabalhos possiveis, tudo aquilo que eu possa e que me deixem fazer.
Não quero ser preguiçosa, nem o sou, adoro fazer o que aqueles que me amam querem que faça, porque os vou fazer felizes e eles só querem o meu bem, logo vou ser feliz também.
Mas ninguém me dá nenhum empurrãozinho, ninguém faz questão de me acompanhar. Por mais que eu insinue, por mais que eu quase transmita por palavras essa minha vontade, ninguém me olha nos olhos e percebe a mensagem. Julgo que era o suposto.

2009-02-26

Queijo

Apetece-me escrever. Sobre coisas boas. Não, não têm de ser propriamente boas, basta não serem más. No fim de contas, apetece-me escrever sobre qualquer coisa, nem que seja sobre queijo suiço. Mas como não gosto de queijo suiço, não vou falar disso. Tem um aspecto e um sabor demasiado finório. Gosto muito mais do queijo português, com um aspecto tosco e às vezes até a dar para o porquinho, mas extremamente bom quando se mete à boca.
Eu acho que o queijo português chega a retratar, quase na perfeição, o típico povo português. Toscos, toscos, toscos, vai-se a ver e são/somos pessoas maravilhosas, de bom fundo.
Estou indecisa entre o 'são' e o 'somos'. Já se perdeu tanta tradição, já nem sei. No entanto, acho que nós, jovens, ainda conservamos um pouco da magia do verdadeiro e rudimentar Portugal, ao contrário do que se diz.
Por falar nisso, odeio. Odeio a frase "estes jovens de hoje em dia...". O que é que foi? Como se não tivessem feito o mesmo género de coisas que nós!
Mas até gosto dos velhinhos, pelo menos da maioria. Refilam, resmungam, mandam vir, mas puxa-se um bocadinho por eles e logo o coração derrete, transborda ternura passando-a a nós. E as suas histórias...oh, as suas história...
E ia eu falar em queijo suiço.

2009-02-25

Amores.

Há seres perfeitos. Sim, perfeitissimos. Com defeitos, imensos defeitos, mas ainda assim, perfeitos. Os próprios defeitos aperfeiçoam. As virtudes são maravilhosamente docinhas, enquanto os defeitos acrescentam um suave travo agreste. E sabe tão bem ter como alimento algo com este sabor, este sabor perfeito. Os defeitos são essenciais. Se fosse muito doce, mas apenas doce, depressa se tornaria enjoativo. O que gosto, mas gosto mesmo, é o meio-termo.
Há seres perfeitos. Uns para mim, outros para ti. Eu não quero dividir os meus amores-perfeitos com ninguém, e tu também não queres dividir os teus.
Se houvessem seres universalmente perfeitos, todos teriam de ser universalmente perfeitos, porque Deus gosta de todos de igual forma. Sendo assim, depressa todos deixariam de ser perfeitos, porque ninguém queria dividir nada com ninguém, porque não se divide algo que é perfeito.
Há seres perfeitos para mim e ainda bem que estes não o são para ti. Agora sim, sacia-te com a tua perfeição, sem que os outros se intrometam na tua definição disso.

2009-02-24

Tapete

O meu tapete da imaginação tem muitas missangas, é muito colorido e grande, cabem lá muitas pessoas. Gostava muito de levar algumas comigo um dia, para realmente perceberem a minha mente. Se estivessem tristes, inventaria uma qualquer história, por mais estapafurdia que fosse, para lhes levantar a moral. Senão, apenas me limitaria a mostrar-lhes o meu fundo, aquele que acho que ninguém soube conhecer por completo.
O meu tapete da imaginação é muito atrevido, ás vezes não gosto dos sitios para onde ele me leva. São sitios que já conheço ou são dentro de pessoas que também já conheci, mas não são agradáveis, fazem-me sentir angustiada e melancólica. Gosto muito mais quando o tapete me dá ideias para tornar esses sitios mais agradáveis, ou essas pessoas mais alegres, ou seja lá o que for.
O meu tapete da imaginação voa muito e eu deixo-me ir a voar com ele. As coisas que ele me mostra nem sempre são reais porque como o meu tapete é meu amigo, mostra-me as coisas como ele as queria a serem para mim. Boas e verde água, a minha cor preferida.
Só que o meu tapete da imaginação não é perfeito e não percebe que às vezes me faz flutuar de mais, e por voar tanto sobre as coisas, começo a vê-las, não como elas são, mas sim "boas e verde água", e começo a começar a pensar que realmente são assim ou assim se vão tornar. E a descida do meu querido tapete para o mundo real torna-se vertiginosa e perigosa, acabando numa queda impressionante, no mau sentido.
Por isso, muitas vezes acho que gostava que o meu tapete da imaginação continuasse a ter muitas missangas e a ser grande e colorido, mas deixasse de brilhar no escuro e de ser tão atraente, para eu não desejar tanto ir ter com ele todas as noites e voar com ele, em sonhos bons e verde água, onde existem coisas más que depressa são ultrapassadas com a ajuda das coisas boas. Gostava que o meu tapete da imaginação me desse mais ideias para melhor enfrentar esta vida de adolescente, que começa a delinear já a minha verdadeira identidade e o meu futuro.