2009-02-28

Eu queria, muito.

Só precisava de um empurrãozinho. Um empurrãozinho para fazer o que devia, um devia facultativo mas importante. Às vezes não consigo fazer isso sozinha, sem alguém em carne e osso a meu lado, para me dar a mão neste quarto acolhedor, mas escuro como breu. Porque ao contrário do que muitos pensam, eu não me quero deitar na cama de dossel e sentir-me uma princesa, eu quero sentar-me à secretária ou mesmo sair pela janela, já que a porta está trancada por dentro e engoli a chave num momento de lucidez, e fazer todos os trabalhos possiveis, tudo aquilo que eu possa e que me deixem fazer.
Não quero ser preguiçosa, nem o sou, adoro fazer o que aqueles que me amam querem que faça, porque os vou fazer felizes e eles só querem o meu bem, logo vou ser feliz também.
Mas ninguém me dá nenhum empurrãozinho, ninguém faz questão de me acompanhar. Por mais que eu insinue, por mais que eu quase transmita por palavras essa minha vontade, ninguém me olha nos olhos e percebe a mensagem. Julgo que era o suposto.

2009-02-26

Queijo

Apetece-me escrever. Sobre coisas boas. Não, não têm de ser propriamente boas, basta não serem más. No fim de contas, apetece-me escrever sobre qualquer coisa, nem que seja sobre queijo suiço. Mas como não gosto de queijo suiço, não vou falar disso. Tem um aspecto e um sabor demasiado finório. Gosto muito mais do queijo português, com um aspecto tosco e às vezes até a dar para o porquinho, mas extremamente bom quando se mete à boca.
Eu acho que o queijo português chega a retratar, quase na perfeição, o típico povo português. Toscos, toscos, toscos, vai-se a ver e são/somos pessoas maravilhosas, de bom fundo.
Estou indecisa entre o 'são' e o 'somos'. Já se perdeu tanta tradição, já nem sei. No entanto, acho que nós, jovens, ainda conservamos um pouco da magia do verdadeiro e rudimentar Portugal, ao contrário do que se diz.
Por falar nisso, odeio. Odeio a frase "estes jovens de hoje em dia...". O que é que foi? Como se não tivessem feito o mesmo género de coisas que nós!
Mas até gosto dos velhinhos, pelo menos da maioria. Refilam, resmungam, mandam vir, mas puxa-se um bocadinho por eles e logo o coração derrete, transborda ternura passando-a a nós. E as suas histórias...oh, as suas história...
E ia eu falar em queijo suiço.

2009-02-25

Amores.

Há seres perfeitos. Sim, perfeitissimos. Com defeitos, imensos defeitos, mas ainda assim, perfeitos. Os próprios defeitos aperfeiçoam. As virtudes são maravilhosamente docinhas, enquanto os defeitos acrescentam um suave travo agreste. E sabe tão bem ter como alimento algo com este sabor, este sabor perfeito. Os defeitos são essenciais. Se fosse muito doce, mas apenas doce, depressa se tornaria enjoativo. O que gosto, mas gosto mesmo, é o meio-termo.
Há seres perfeitos. Uns para mim, outros para ti. Eu não quero dividir os meus amores-perfeitos com ninguém, e tu também não queres dividir os teus.
Se houvessem seres universalmente perfeitos, todos teriam de ser universalmente perfeitos, porque Deus gosta de todos de igual forma. Sendo assim, depressa todos deixariam de ser perfeitos, porque ninguém queria dividir nada com ninguém, porque não se divide algo que é perfeito.
Há seres perfeitos para mim e ainda bem que estes não o são para ti. Agora sim, sacia-te com a tua perfeição, sem que os outros se intrometam na tua definição disso.

2009-02-24

Tapete

O meu tapete da imaginação tem muitas missangas, é muito colorido e grande, cabem lá muitas pessoas. Gostava muito de levar algumas comigo um dia, para realmente perceberem a minha mente. Se estivessem tristes, inventaria uma qualquer história, por mais estapafurdia que fosse, para lhes levantar a moral. Senão, apenas me limitaria a mostrar-lhes o meu fundo, aquele que acho que ninguém soube conhecer por completo.
O meu tapete da imaginação é muito atrevido, ás vezes não gosto dos sitios para onde ele me leva. São sitios que já conheço ou são dentro de pessoas que também já conheci, mas não são agradáveis, fazem-me sentir angustiada e melancólica. Gosto muito mais quando o tapete me dá ideias para tornar esses sitios mais agradáveis, ou essas pessoas mais alegres, ou seja lá o que for.
O meu tapete da imaginação voa muito e eu deixo-me ir a voar com ele. As coisas que ele me mostra nem sempre são reais porque como o meu tapete é meu amigo, mostra-me as coisas como ele as queria a serem para mim. Boas e verde água, a minha cor preferida.
Só que o meu tapete da imaginação não é perfeito e não percebe que às vezes me faz flutuar de mais, e por voar tanto sobre as coisas, começo a vê-las, não como elas são, mas sim "boas e verde água", e começo a começar a pensar que realmente são assim ou assim se vão tornar. E a descida do meu querido tapete para o mundo real torna-se vertiginosa e perigosa, acabando numa queda impressionante, no mau sentido.
Por isso, muitas vezes acho que gostava que o meu tapete da imaginação continuasse a ter muitas missangas e a ser grande e colorido, mas deixasse de brilhar no escuro e de ser tão atraente, para eu não desejar tanto ir ter com ele todas as noites e voar com ele, em sonhos bons e verde água, onde existem coisas más que depressa são ultrapassadas com a ajuda das coisas boas. Gostava que o meu tapete da imaginação me desse mais ideias para melhor enfrentar esta vida de adolescente, que começa a delinear já a minha verdadeira identidade e o meu futuro.