2009-08-31

É MESMO ISSO.

o eish vai ficar com cor, tal como eu. vou pintar-me para me agradar, que o tempo de aparencias já passou e nunca o foi. assim, aos poucos, vou eu colorir a minha vida, não tu, nem os outros. vou eu colori-la. não há minha maneira, que ela sempre dançou comigo no seu estilo preferido. louco. e eu gosto é devagarinho. por isso, devagar ou não, a cor vai inundar-me mais uma vez. a mim, e ao meu eish!

2009-08-24

capacidades

hoje o meu namoradinho poeta, romântico e pacato, dizem, acabou comigo. hoje vesti o vestido de noiva rendado, branquinho já antigo e muito inspirador da minha mãe. hoje ri-me quando me tiraram a pessoa mais divina que conheço. hoje chorei quando apertei o fecho do vestido que me empurrou para vida. e hoje, pela primeira vez, estou a tornar a minha vida num pouco menos que um diário. porque, afinal de contas, não é mais que isso.

2009-08-12

cinzas renascidas

está de dia. sei-o pelas paredes, já brancas com tom de sol. paredes brancas, nuas. não, não as sei de cor. vislumbro apenas rasgos de paredes brancas como estas, cheias noutros tempos. já foram doces, estas paredes nuas. já as soube de cor e continuo a desejar ardentemente tomar-lhes o gosto. mas agora é diferente, agora estão nuas. nuas e despojadas de qualquer sentimento açucarado.
já desnudei a mente sentido-lhes o cheiro, um dia. cheiro meu. cheiro acertado, puro como a neve, branco como as paredes que tomo por minhas. ainda o sinto, com as mãos gélidas. sempre as tive assim, frias, brancas, puras. sempre as tive assim, mais ao cheiro agora prata pálido, não descurando a beleza.
e é isto. sempre achei belo, este cheiro brilhante como o céu traçado pelas nuvens empoeiradas, cinzentas, retorcidas. só e apenas. não havia, nem há, arte nenhuma nisto. arte funcional, ou meramente ilusionista. arte de todo. arte colorida, máscaras bem disfarçadas. arte a preto e branco, antiga que parece que lhe mexes com sussurros. vida, gosto de lhe chamar, cheiro inanimado, então. cheiro nu. cheiro que se expira, não cheiro inspirado.
portanto, seja. já foi. só e apenas uma confirmação. só e apenas um desabafo. desabafei contigo, um dia, no tom de sol cheio que desejo. desabafei contigo frustrações esquecidas, feridas que já foram. hoje, desabafo que de belo, não tens nada. e é isto, só e apenas uma falta de beleza mal-entendida. porque hoje, já não desejo paredes nuas e enfadonhas, réstias de um sol que se pôs. já não sinto um cheiro que, agora vejo, é cinzento! e errante, empoeirado e retorcido como as nuvens que, um dia, me traçaram um mal-entendido.
chega, então. está bem que para bom entendedor meia palavra basta e eu não sou, nem fui, quando o açúcar ainda se derretia lentamente na minha língua pura de meias palavras. mas sim, já foi o bastante.
agora vou, deixa-me ir, belo mascarado. vou apurar o meu olfacto para sítios brilhantes, sem vestígios de pó que me façam torcer o nariz. onde a noite faça umas paredes brancas, cheias, as quais vou tomar o gosto lentamente (tenho uma eternidade, que estas sim, são paredes estáveis), prata como a tinta que outrora bebi sofregamente, que momentos fugazes são comigo.

2009-08-04

Adolescência?

eu tento ser rara da maneira mais comum possivel. sabes, até me esforço bastante para isso. rapazes. compras. escola. este-namora-com-aquela e vice-versa. saidas. hoje-vi-o-naoseiquantas. às vezes lá me satisfaz, conversas de menininha arrojada. mas eu não gosto de rapazes que hoje-foi-esta-e-amanhã-vai-ser-aquela, cujo objectivo que uma rapariga vê numa conquista, pensamos, das grandes, é mudar para sempre essa maneira de se ser influenciável, para um principe encantado, romântico incurável. compras... humm, sim, um bom livro, talvez.
sabes, cada vez nutro mais indiferença por essas modas decadentes, por essas gentes populares de imagem. indiferença, quem sabe uma pontada de raiva. não por ser rejeitada e estar revoltada com a sociedade, ao ponto de tomar essas cabeças arranjadinhas e populares por ocas. não. só queria que me deixassem ver através disso.