2010-08-31

ai!

e não é para fazer inveja a ninguém, mas neste verão, houve uma daquelas cenas românticas há filme previsível. (e soube mesmo bem!)

2010-08-26

grr

um dia conto-te as histórias todas à meia-noite. para teres medinho, olhares para todos os teus lugares no escuro. à meia-noite todas as histórias são sórdidas e vadias, e eu vou contar-te umas poucas. rapagão sincero e esclarecido o tanas, vais ligar-me a chorar e aí, o mar que te beije, ouviste? O MAR QUE TE BEIJE! não, não preciso de asneiras no discurso, nunca fui vulgar, por mais que o injectes na minha cabeça, nem o vou ser, não tenho medo do terror escrito porque terror com flores existe e sou eu que o imagino, eu, que posso e mando nos livros que quero, não só eu invulgar, toda a gente, mas não, nunca vulgar apesar de toda a gente. menos tu. tens pânico a cada palavra que salta do papel para a minha boca, arrepios a cada palavra fugidia, da minha boca ou de outra qualquer, tremores e ainãocontes. o mar que te beije, o café que te aqueça, alguém que te puxe numa garra insensível qualquer, sem nunca perceberes como eu sabia ser sedenta de ti, sedenta e doce, sem nunca, nunca perceberes no escuro do teu coração, na montanha-russa da tua cabeça. mas sempre, sempre a sentir falta.

2010-08-21

auto-satisfação

podia ter tirado uma fotografia. agora que só os bicos dos pássaros e o vento nas folhas, realmente!, podia ter tirado uma fotografia. o pôr-do-sol a bater nos pés de unhas pintadas, um céu azul por trás ponteado por montes de uma serra alta. altinha, só (meio-termo, meio-termo). e durante segundos a inspiração esvaiu-se e apenas um impasse abismal. ajeitei-me mais naquela posição esquizofrénica. era o cheiro, tudo o cheiro. lenha a queimar que não se fazia ouvir nem acalorava no pescoço. era tudo para vocês, a fotografia. mas as pessoas são inseguras e egoístas, pois era tão só a chegada. o fazer um vale tão de porto de abrigo, uma terra não prometida mas garantida, feita de promessas de estrelas maiores e ar.
ficaria decerto uma boa fotografia. moldura incorporada - a borracha da janela aberta do carro -, os pés, o pôr-do-sol e a serra. faltava-lhe tudo, portanto. ajeitei-me mais no banco, que tinha preguiça de me levantar.

2010-08-19

do regresso

quando um dia escrever um livro, este chamar-se-á Alpedrinha, porque mesmo que pelo mundo, foi lá que o escrevi.
(e a todos os que nunca lá foram, um empurrãozinho. bem haja!)

2010-08-05

para o natal, eu quero!

eu sei que não acerto com o português. que não sou entroncado o suficiente para te proteger de tudo quanto queria e que repito demasiado a mesma coisa quando estou entusiasmado. que às vezes me desligo um bocado e deixo de perceber que o teu coração tem muita coisa lá dentro e a maior parte do tempo (do tempo, do espaço) não está arrumado. eu sei que não me devia importar quando me tiras fotografias aos pés. mais que tudo, eu sei que te sentes frustrada quando te tento ensinar a andar de skate e tu não consegues (ahaha, esta até teve piada), mas foi essa tua dissincronização toda que me fez gostar de ti assim, tão devagarinho. não foi o teu excesso de vocabulário, o teu cabelo, as tuas notas na escola e o facto de termos os dois o mesmo nível de pontualidade (não nulo, quase nulo). não foi tão pouco a tua paixão pela arte ou a nossa adrupta parecença e diferença em certas coisas. mas a tua maneira de estar tresloucada e a maneira como gostas de saber rir-te sozinha, fogo.

2010-08-02

ufa

ela entrou em casa. em casa, mas numa casa que ninguém sabia sua. tinha marido e casa harmoniosamente moldados a si, ambos futuristas mas sentimentais. mas hoje decidiu-se a ir para sua casa, posar as chaves que durante os dez minutos em que ela deixou o ar pousar foram o único barulhinho por ali. havia ali muito branco pintado por ela - as cadeiras e as mesas num branco translúcido que deixava ver a madeira; a colcha da cama, os cortinados; as fotografias grandes, muito claras com traços de felicidade. fora ali que ela deixara a felicidade, para que ninguém a soubesse sua. e ela descobrira-a branca, mas não sem traços mais fortes que a fizessem ver. era tudo muito branco, mas traços fortes de cores quentes, frias e abstractas, vindas de culturas visitadas noutros tempos não moldados a si mas tão mais harmoniosos, não a deixavam perder-se. aquele monumento a si própria nunca a deixava perder-se da harmonia feliz que aprendeu a viver. e ela já andava a precisar.

2010-08-01

eu não gosto de saladas que não sejam temperadas

tenho a mania de me revoltar com a maior parte das coisas que me enervam. e depois? ando sempre cheia de manias e tenho pancas a mais. sempre quis ser diferente - desde pequenina! mas agora é diferente. começei a querer querer ser diferente (não foi um lapso na escrita, repito: começei a querer querer ser diferente). isso irrita muita gente, mas temos pena: sou práctica no que toca à profundidade e para além disso, não tenho muito interesse em conheçer o meu todo. sou cheia de cores e tenho a perfeita noção de que isto aqui é maravilhoso, apesar de às vezes não o sentir da melhor maneira; mas isso passa-me rápido (respira fundo e olha para o céu, olhos de esperança).
(reli o texto e não me fez sentido, mas de qualquer maneira, é nisto tudo que tenho andado a pensar. pode ser que vos interesse para alguma coisa!)