2010-08-21

auto-satisfação

podia ter tirado uma fotografia. agora que só os bicos dos pássaros e o vento nas folhas, realmente!, podia ter tirado uma fotografia. o pôr-do-sol a bater nos pés de unhas pintadas, um céu azul por trás ponteado por montes de uma serra alta. altinha, só (meio-termo, meio-termo). e durante segundos a inspiração esvaiu-se e apenas um impasse abismal. ajeitei-me mais naquela posição esquizofrénica. era o cheiro, tudo o cheiro. lenha a queimar que não se fazia ouvir nem acalorava no pescoço. era tudo para vocês, a fotografia. mas as pessoas são inseguras e egoístas, pois era tão só a chegada. o fazer um vale tão de porto de abrigo, uma terra não prometida mas garantida, feita de promessas de estrelas maiores e ar.
ficaria decerto uma boa fotografia. moldura incorporada - a borracha da janela aberta do carro -, os pés, o pôr-do-sol e a serra. faltava-lhe tudo, portanto. ajeitei-me mais no banco, que tinha preguiça de me levantar.

2 comentários:

Ana disse...

Não foi preciso fotografia. Consegui ver tudo, ao pormenor. :)

Maria Francisca disse...

Não tentei, hoje. O meu paps fez anos e não deu. (Pus num envelope branco com flores muito pequeninas azuis, é querido. :3)
Esqueci-me de enviar a fotografia, Mar, desculpa! Envio quando chegar a casa, agora estou em cascais. *