eras pequenina e sabias que o teu tempo ainda estava para vir. eras pequenina e olhavas, pela janela do carro do pápá, os grandes e crescidos que já podiam andar sozinhos nas ruas, nenhum homem mau lhes ia oferecer doces falsos. eras pequenina, brincavas com bonecas e sonhavas com o dia em que te ias passear com sorriso liberal e de alma acorrentada ao menino que se sentava ao teu lado a brincar com os legos. eras pequenina, imaginavas-te dona do teu destino, mundo encantado de trocadilhos confusos e empolgantes. o teu tempo ainda estava para vir, mas quando viesse havias de ser mulher de ti. mas eras pequenina, crescias e não davas conta. crescias e já quase que não eras a pequenina de sempre, perdida de sorrisos que acorrentavam almas e despedaçavam sonhos.
'não queiras tão assim ser mulher de ti, minha pequenina. não deixes que te ofereçam doces que só te querem libertar dessa inocência. o teu tempo chegou, é-o agora em ti e sem mais ninguém para te acorrentar a trocadilhos confusos e empolgantes. minha pequenina, sê senhora agora. senhora de alma liberal e sorriso empolgante.'