2010-12-01

não sei de que fala você aqui dentro

porque é que fui eu que fiquei aqui? porque é que fui eu que tive de nascer com o sonho, não de escrever, mas de ser poesia? eu sei que não vou ser nada na vida, e os meus pressentimentos dizem-me que não vou durar muito por aqui. não vejo o tempo passar, vivo de passados decrescentes e de presentes futéis e nao-desejados, de investigações levianas e sem sentido até para mim que nunca pricipiei a fazê-lo, procuro um chão que foi mudado, onde escrevi já cartas de amor a mim mesma, não sei o porquê das vírgulas já que eu ponteada de finais, nunca sei onde tenho ido, depois reparo que a lado nenhum porque fui eu que tive de cá ficar, comigo, não sei porque só eu é que tenho sempre de ficar comigo, nunca disse a ninguém que gostava nem de mim nem de ti, poderia dizer que o amor salgado e saudoso é o único elemento coeso na maior parte dos pedaços da minha quase-vida, cheia de paragens de autocarro onde não paro nem arranco, surpreendi-me a mim mesma e por mim fiquei, fui ficando, continuo a ficar, pareço uma flor de antigamente sempre tão apertada e cheia de espinhos, mas não posso, não sei de que fala você, amor e poesia o que será isso, gostava de retornar a criança e aí recusar todas as palavras que me quisessem enfiar nos ossos da base do pescoço (acho que é daí que nascem as minhas letras), não posso, amor e margaridas nem coesos nem coerentes, não posso, continuo sem nunca poder falar, escrever, falar ou escrever esses que são os meus únicos amores e poetas (soubesse eu o que amar e falar significa), não posso, não quero e continuo a não poder e a não querer ficar, mas fico, fico sempre, não por mim e não por ti, porque eu nada na minha quase-vida.

4 comentários:

Maria Francisca disse...

estou assim, margarida. estou tão mole e tão anestesiada. estou não eu.

Unknown disse...

Margarida :)

Susana disse...

obviamente que gostei disto e, como é óbvio, fico à espera da companhia!

Rita da Maçaroca disse...

Gostei muito deste post :D