2011-09-24

amor é #13

e eu só quero a fama para que, daqui a 15 anos, quando infeliz e provavelmente já não soubermos um do outro, eu ir dar uma entrevista qualquer, falar de quando nos perdemos, quando saltámos vedações, quando fizemos juntos os melhores amigos do mundo, quando eventualmente cortámos as unhas dos pés um ao outro, e nos rimos muito, sozinhos, no meio daquela gente toda, e demos beijinhos e os velhos conformados e reformados e resingões (farta de adjectivos monótonos) em vez de mandarem vir connosco nos perguntaram o nome, se fazíamos yoga e tudo e tudo. quando eu fui feliz, dizia eu em frente às máquinas, com um sorriso breve de quem joga às cartas no parque central.
e no dia seguinte estarás tu em frente à minha porta verdeaguadocomamareloeazul, sentado a ler o jornal que nunca compras dado que é um desperdício se os há na internet aos molhos, nada romântico como eu sempre te conheci e amei e me queixei muitas vezes claro, e eu desci atarantada com os olhos inchados voltaste! caíram os dossiers todos mas tu voltaste, sempre soubeste que os meus dossiers iam ter fotografias do passado fenomenal que me proporcionaste como se tu viesses dum convite para festa e eu agradecida pelas horas formais que esses convites humanos nos proporcionam, que interessa isso, voltaste! ias-te casar comigo agora, ter um cão feio que se baba como tu na almofada, fazer teatros na sala, e eu finalmente deixaria de ser famosa, de ter máquinas robóticas avançadas de mais à minha frente, atrás de mim, agora não, a meu lado só tu, voltaste, vamos ser Reis do mundo e dar beijinhos aos velhos, e vamos ser velhos, ieiuiieiii!

2 comentários:

Susana disse...

Gosto gosto gosto!

Anónimo disse...

Há muito tempo que não vinha ao teu blog, mas continuas a escrever divinamente. Acho que "daqui a 15 anos" terás dados cartas no nosso panorama literário. Bjinhos