2010-04-08

prazer, coração.

és com quem menos me identifico. é difícil falar contigo, sabias? a culpa não está em mim, está em ti. queres todas as maravilhas do mundo (e para ti contam as árvores, as joaninhas, os móveis deitados ao lixo e as gomas) (alguma vez gostaste de gomas?), mas acabas por não ferver por nada, és livre de desejos, nunca soube o que te dar, quando dar, com que cara to dar. tens impulsos manientos, tu própria és manienta, tu és a própria mania. e eu, apesar de sempre ter fervido por ti, nunca me identifiquei contigo.
hoje apetece-me pedir-te desculpa pelas vezes em que me fui embora de ti. pelos tempos que passaste só pela metade, amolgada pela raiva que nunca te quis dar em hora alguma. desculpa por saber, de vez em quando, que ser livre de desejos não faz bem à saúde. desculpa se me esqueço vezes de mais que não tens cabeça e é por isso que não me identifico contigo. desculpa por nem sequer saber que o amor próprio se dá não se sabe onde, sem caras que o atormentem. desculpa por nem sequer ter desconfiado que o amor próprio não olha a entendimentos e que, por livre que é, é difícil de (se) falar.

2 comentários:

Emmeline disse...

és nada. és um querida, até

Maria Francisca disse...

Estes são os teus que eu mais gosto de ler.
(Pois fui, hihi.)