eu abri as janelas de correr cada uma para seu lado, braços abertos em cima apoiados nelas. deduzi que se as largasse continuaria de braços esvoaçantes por ali, mas deliciei-me na preguiça de olhar para aquele que é o meu azul do céu, que raramente se descobria no meio daquelas horas todas num dia. o sol de correr ia esvoaçando por ali, de braços em cima para trás, mostrando-me as réstias das suas asas azul-pena-de-pato. agredeci-lhe ao ouvido por me saber dar cumplicidade luminosa daquela maneira, e continuei de braços abertos para a frente, a cheirar por ali o ar daqueles minutos que raramente se encontravam por tantos minutos que há num dia. se me dissesse a mim que não era ocupada nem tapadinha o suficiente para me achar impossivelmente disponível, juro-te que continuava ali até apareceres por baixo das janelas de correr e até te explicava que o fado português só faz as pessoas se verem mais felizes, mas stressada por pensar que papéis equivaliam a trabalho bati as asas para outro lado.
2 comentários:
Eu gosto de como as tuas palavras me despem.
Acho que és uma borboleta.
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