2010-04-29

gosto de escrever com palavras meio vestidas

eu abri as janelas de correr cada uma para seu lado, braços abertos em cima apoiados nelas. deduzi que se as largasse continuaria de braços esvoaçantes por ali, mas deliciei-me na preguiça de olhar para aquele que é o meu azul do céu, que raramente se descobria no meio daquelas horas todas num dia. o sol de correr ia esvoaçando por ali, de braços em cima para trás, mostrando-me as réstias das suas asas azul-pena-de-pato. agredeci-lhe ao ouvido por me saber dar cumplicidade luminosa daquela maneira, e continuei de braços abertos para a frente, a cheirar por ali o ar daqueles minutos que raramente se encontravam por tantos minutos que há num dia. se me dissesse a mim que não era ocupada nem tapadinha o suficiente para me achar impossivelmente disponível, juro-te que continuava ali até apareceres por baixo das janelas de correr e até te explicava que o fado português só faz as pessoas se verem mais felizes, mas stressada por pensar que papéis equivaliam a trabalho bati as asas para outro lado.

2 comentários:

Ana disse...

Eu gosto de como as tuas palavras me despem.

Maria Francisca disse...

Acho que és uma borboleta.