2011-05-25

da insuficiência da arte

conheci-te a história completa das tuas antologias de poemas divergentes, os teus, nunca revelados na arte desmedida e popularuxa que teimavas em criar de papéis e tesouras até tão tarde no quarto ao lado. conheci-ta e, pintando-a de tons mais clarinhos como as pétalas que te vesti nos meus próprios olhos, contei-a aos outros pelo mundo, encaixada numa narrativa incipiente, estilo barba-mal-feita, vida minha com um destino do qual nunca quis saber.
conheci-te a história, completa na minha boca, e aceitei sem esforço que viesse dos livros e não dos teus cantos soturnos, dos teus vestidos nos quais reconheci-a sempre algum tecido que morou na nossa casa e que eu pensara ter desvanecido, da tua boca digo-o já, da tua presença na minha vida insuficiente desde que tiveste idade para ir e espalhar a tua arte, ao fim ao cabo a arte de viver de leve sorriso no coração.

3 comentários:

Unknown disse...

nó no cérebro.

Margarida disse...

nuno!! :D

Anónimo disse...

Este texto pareceu-me ser dos mais.. contidos. Estruturado. Gosto mais de te ler naquele teu género característico de chuva de ideias.