estava sempre a desenhar flores. a esferográfica azul, flores numa folha de linha, desajeitadas. dizias sempre que eram bonitas, flores de campo não se fazem alinhadas. e eu estava sempre a desenhar flores, e tu fazias outra coisa qualquer. adivinhava-te, em folhas de linhas não floridas, a dobrares arte por entre os teus dedos grosseiros. bonitos, que dedos trabalharadores não se fazem alinhados.
'mania de dobrares papel', refilona. desconcentrava-me esse som dos meus rascunhos floridos.
'mania de o escrevinhares', e beijavas-me na nuca, adivinhando-me os arrepios.
com o tempo desabituaste-te a espreitar os meus papéis floridos, para depois os vires pedir em alvoradas seguintes. eu dava-tos sempre, na esperança de em vez de rosas, me dares girassóis de papel. e foi num seguimento dessas manhãs esperançosas, despois da emancipação feminina da lição 60 e tal da aula de história, que me disseste que me querias arrepiar até deixar de fazer flores em folhas de linhas. que, apesar de nunca termos sido alinhados com o vento, nos querias a voar em campos de girassóis desajeitados. foi aí que eu comecei a escrever-te em pretérito imperfeito, que de contradições percebo eu.
14 comentários:
" que me disseste que me querias arrepiar até deixar de fazer flores em folhas de linhas."
Perfeito... P. Mais que Perfeito xD
Beijinhos
sabes uma coisa? amei! :D
Adorei! =)
WOOOOW. (jamais tinha ficado sem palavras)
gostei deste post :)
Fantástico!
Obrigada Margarida!
opa, fantástico!
Adoro o que escreves.
Gostei :) *
mesmo bonito.
Sabes q mais? Quem ficou arrepiada fui eu. Gostei tanto Margarida. =)
que querida, muito obrigada. :D
adorei o teu texto. :o
ate eu me arrepiei o blog da minha flor, omg :o
adoro a maneira como transmites as coisas :)
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