2010-02-21

arto-te

- deves mesmo gostar de me fazer esperar.
estava sentada na berma da estrada, de pernas esticadas para aquele parque de estacionamento imundo, com três livros acabadinhos de comprar debaixo do braço e um café mocca na mão. a nossa amizade tinha para aí umas dez pulseiras do tempo atadas à pressa pelos tornozelos, pulseiras essas que nos ensinaram a esperar um pelo outro. a lutar um pelo outro. a adormecer um no outro. a ser, um no outro.
a gostar um do outro ninguém nos ensinou, calhou, por brincadeira das pulseiras pelos tornozelos do tempo. eramos pequeninos e aprendemos a criar. eramos, depois, adolescentes, e aprendemos várias coisas de costas viradas, mas com pulseiras amarelas e lilás para nos lembrarem de nós. as tuas namoradas também aprenderam decerto, que, embora te tivessem na mão, era bem melhor ter-te pelo pé. como eu, como às pulseiras. e hoje, aprendemos que, melhor que criar e ter alguém, é manter uma infância qualquer.
no teu carro ouvia-se boa música; era eu que a comprava, que a escolhia, que a tratava. como tu fazias com a roupa marcante que fazia questão em envergar. (ninguém sabia das nossas pulseiras, mas todos as admiravam. foi assim que crescemos.)
chegámos e fomos ler do mesmo livro; que eu criei, que eu escolhi, que eu tratei. naquela sala marcante que ainda hoje desenhas, escolhes, tratas. sempre me despachei mais rápido que tu:
- espera débora. - e mais umas quantas pulseiras da amizade.

7 comentários:

Ana disse...

Ou tens pulseiras nos tornozelos do meu coração ou conheces-me mesmo bem.

Anónimo disse...

Essas pulseiras são as mais marcantes sem duvida alguma :$

tangerine disse...

gostei *-*

D. disse...

Dado que estavas a seguir o meu blog, www.destaquesjuvenis.blogspot.com, venho só dizer que esta é a minha nova conta e que este (http://everyoneisontheirown.blogspot.com) é o meu novo blog :)
Espero que gostes!

Um Beijinho, D.

Niqui disse...

que belo texto !

Maria Francisca disse...

Margarida, tu estás a crescer duma maneira.
Até fico com medo de ler os teus textos.
Um dia presenteio-te com uma pulseira no pulso e mais umas margaridas no coração.

Maria Francisca disse...

Tu percebes sempre tudo, Bia Margarida.