estavas à procura das chaves. sempre achei incrível essa tua paixão por malas pequenas quando a moda é o exagero, e essa impossibilidade de encontrares seja o que for dentro delas. subias as escadas apenas pelo instinto de anos rotineiros, e pelos olhares repentinos que lançavas aos degraus frios, amarelados. estavas cansada. nunca percebi porque é que dás sempre mais nos dias normais, e nos que fazem a barriga da gente passear de metro tu andas aí como se as próprias borboletas falassem contigo. hoje era um dia normal, e tu estavas cansada por causa dessa tua paixão pela pequenez. mas num dos olhares repentinos lançados aos degraus gélidos, as borboletas deixaram a fala das flores. não percebo. são só pontos e rectas pretas vivas em movimento, pensa lá para contigo. mas não. estatelaste as omoplatas contra a parede gélida tal qual os degraus e decidiram, perante a tua pequenez, tirar todo o ar que dançava nas tuas veias. cravaste as unhas nas mãos, bem sei. tentaste subir as escadas apenas com o instinto de anos rotineiros, mas estes tinham ido falar com borboletas lá fora. tropeçaste e o excesso de ar ja te fazia arder os olhos. levantaste-te e a dança animal continuava. correste a olhar para trás, abriste a porta com instinto de saudade. fechaste-a, estatelaste as omoplatas nela e o mar voltava a ti. era e é um dia normal, pensa lá para contigo.
5 comentários:
Margarida, andas sentada no meu ombro? É a única maneira de me conheceres tão bem.
está daqueles mesmo teus :$
Nunca pares, prometes?
(Eu gosto de falar com borboletas.)
fantástico margarida !
o que é um dia normal?
(espero que ver as minhas coisas bonitas te faça bem.)
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